Setor de serviços cai 0,6% em setembro: entenda

Depois dos dados do varejo não agradarem o mercado, hoje o setor de serviços informou que também andou em queda no mês de setembro. Analistas e economistas são unânimes em dizer que o aumento dos preços é uma das principais causas.

A queda termina uma série de 5 meses seguidos do setor em alta. Os dados são divulgados pelo IBGE.

Caíram os serviços

Em comparação com agosto, o mês de setembro teve uma queda de 0,6% no volume de serviços prestados. A queda interrompe 5 meses de alta, mas os dados não são tão preocupantes, como no caso do varejo.

Isso porque em comparação com o mesmo mês do ano passado, o aumento nos serviços foi de excelentes 11,4%, o que mostra que a queda, mesmo que mínima, deve ser apenas um “reajuste do mercado de trabalho”. Além disso, no ano de 2021 o setor registra altas de 6,8%. Dessa forma, a inflação, mesmo que impactando nos serviços, não foi a maior causa da desaceleração.

Além disso, o crescimento do setor de serviços vem caindo desde maio. Desde lá, os aumentos foram de 1,9% (maio), 1.8% (junho), 1,1% (julho) e 0,4% (agosto). Com isso, a queda pode mostrar uma tendência de desaceleração no crescimento do setor, o que precisará de mais dados futuros.

A queda ainda frustrou as expectativas do mercado. Segundo o Valor Data, o mercado esperava um avanço de 0,5% nos serviços, o que de fato não ocorreu.

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Foto: Pexels / Reprodução

O impacto da inflação, apesar disso

Dos cinco setores de serviços pesquisados, quatro operaram em queda no mês de setembro. A principal queda veio no setor de transportes (-1,9%). A consequência óbvia é o aumento dos preços nos postos de combustíveis. O setor tem 19% de queda desde o início do ano.

E os dados da inflação não afetam apenas os rendimentos do Tesouro IPCA. Eles afetam toda a economia. Isso porque o aumento de preços mexe no que economistas chamam de “utilidade” dos consumidores.

Isso quer dizer que as pessoas passam a consumir menos aquilo que não é necessário e passam a comprar apenas o essencial. Quanto menor o poder de compra, mais isso acontece. Dessa forma, o setor de serviços conta com muitas áreas não essenciais. Um exemplo forte são as casas de festa. O setor, que já sofreu na pandemia, agora sofre com o baixo poder de compra, principalmente das classes de menor renda.

O IPCA anualizado passa dos 10%. Se pegarmos apenas em 2021, temos 8%. E essa é uma estimativa, pois a gasolina subiu 42% no ano, enquanto o custo do frango subiu 33% para o consumidor final. Dessa forma, muitos setores secundários da economia passam a sofrer.

E para conter a alta dos preços, o Banco Central deve aumentar a taxa Selic em mais 1,5 p.p., pelo menos, em dezembro. Isso ainda tende a desacelerar a economia mais um pouco, até que os preços sejam normalizados. Economistas veem a possibilidade de crescimento quase nulo em 2022, mas o IPCA deve começar a normalizar no meio do ano que vem, apenas.

 

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