Fim do parcelamento sem juros no cartão de crédito? Saiba o que vai acontecer

A meta é resolver a questão dos juros elevados associados ao crédito rotativo, sendo que outras propostas também estão sendo consideradas, como desencorajar o parcelamento sem juros.

O crédito rotativo do cartão de crédito é reconhecido como uma das opções mais onerosas em termos de taxas de juros no mercado. No final de 2022, a taxa atingiu um recorde histórico de 409,3%. Diante dessa situação, o governo e as instituições financeiras estão explorando alternativas, incluindo a possibilidade de eliminar esse serviço.

O governo e o setor financeiro estão explorando várias alternativas para lidar com os altos juros do crédito rotativo, e uma das propostas em consideração é eliminar essa modalidade. Além disso, estão sendo discutidas outras ideias, como desencorajar o parcelamento sem juros.

Isso pode ser alcançado por meio de medidas como a aplicação de tarifas mais altas aos comerciantes ou estabelecendo preços diferenciados para compras realizadas no cartão, seja para pagamentos à vista ou parcelados.

Em abril, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) estabeleceu um grupo de trabalho em conjunto com o Ministério da Fazenda e o Banco Central para abordar essa questão. Desde então, várias medidas têm sido discutidas e debatidas no âmbito desse grupo.

Conforme informações divulgadas pelo Estadão, a proposta de eliminar o crédito rotativo no cartão partiu dos próprios bancos. No entanto, os membros envolvidos nas discussões também estão considerando outras opções.

cartão de crédito

Como funciona o crédito rotativo?

O crédito rotativo do cartão de crédito funciona quando o cliente não consegue pagar o valor total da fatura até a data de vencimento. Nesse caso, o valor restante se transforma em um tipo de empréstimo e, a partir desse momento, juros começam a ser cobrados sobre o montante pendente.

Uma vez que os juros nessa modalidade são elevados, a dívida resultante pode se tornar excessiva, dificultando a sua quitação por parte do cliente. É por esse motivo que especialistas recomendam explorar outras alternativas de crédito em situações de emergência.

Conforme relatado por um representante do setor, a proposta de “eliminar” o cartão de crédito rotativo foi apresentada pelos bancos e não foi rejeitada pelo Ministério da Fazenda, que vinha sugerindo outras soluções para compensar uma redução nos juros do rotativo, como deseja o governo. Entre as opções em consideração estão a cobrança de taxas fixas no parcelamento sem juros e o aumento da tarifa de intercâmbio.

A proposta funcionaria da seguinte maneira: caso o cliente não pague a fatura ou pague apenas o valor mínimo, em vez de entrar no cartão de crédito rotativo, o saldo devedor poderia ser parcelado em até 12 vezes, com uma taxa de juros menor do que a atualmente cobrada no crédito rotativo. Em março, a taxa anual do crédito rotativo atingiu 430,5%, o maior percentual desde março de 2017 (490,3%). Já a taxa anual do parcelamento alcançou 192% no mesmo mês.

Medidas para reduzir juros

O grupo de trabalho começou discutindo três principais medidas para combater os altos juros do crédito rotativo no cartão de crédito. As informações foram relatadas por O Globo. Vejamos:

  • Diferenciação na taxa de juros entre clientes que recorrem ao crédito rotativo com frequência e aqueles que
  • conseguem quitar a dívida rapidamente.
  • Estímulo à competição entre as instituições financeiras para reduzir as taxas de juros.
  • Exigência de notificação aos clientes sobre o uso do crédito rotativo.

Além disso, os membros do grupo passaram a considerar as seguintes questões em reuniões mais recentes:

  • Cobrança de taxas fixas no parcelamento sem juros.
  • Aplicação de tarifas mais altas aos comerciantes.
  • Escalonamento das taxas de juros com redução do período de um mês para ação imediata.

Os juros do crédito rotativo do cartão de crédito atingiram o maior patamar em seis anos

Em março, a taxa anual alcançou seu valor mais elevado desde 2017, atingindo 430,5%. Esse aumento representa um significativo aumento em relação ao período anterior, destacando a necessidade de encontrar soluções para lidar com essa situação.

Diante da taxa atual, se um consumidor acumular uma dívida de R$ 1.000 no cartão de crédito crédito rotativo, ele precisará desembolsar um total de R$ 5.305 ao longo de um ano para quitar o saldo devedor com a instituição financeira.

Esses custos adicionais reforçam a importância de buscar alternativas mais vantajosas para evitar a acumulação de dívidas no cartão de crédito rotativo.

Entre janeiro e março de 2023, a taxa de juros do crédito rotativo do cartão de crédito registrou um aumento de 18,6 pontos percentuais (p.p.). Nos últimos 12 meses, houve um aumento ainda maior, totalizando 71,4 p.p.

Por outro lado, as taxas cobradas no cheque especial apresentaram uma diminuição no primeiro trimestre de 2023, ficando em 129,1% ao ano. Houve uma queda de 3 p.p. em relação ao período anterior. Isso significa que se um trabalhador solicitar um empréstimo de R$ 1.000 no cheque especial, a dívida total após um ano será de R$ 2.291. Em fevereiro, a taxa média era de 134,2%. Nos últimos 12 meses, os juros do cheque especial tiveram um aumento de 1,3 p.p.

Embora o crédito rotativo do cartão de crédito e o cheque especial sejam modalidades de crédito acessíveis em momentos de dificuldades financeiras, por não exigirem garantias do consumidor, é importante utilizá-los com cautela, devido aos altos custos envolvidos. O superendividamento pode ser uma consequência negativa caso essas opções sejam utilizadas de forma indiscriminada.

 

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