Milagre econômico: descomplicamos para você
Se você já tentou estudar a economia do Brasil, com certeza se deparou com o Milagre Econômico em meio a seus estudos.
Apesar de ainda faltarem informações em linguagem acessível, dado que muitos textos são acadêmicos, vamos descomplicar tudo para você agora!
O que foi o milagre econômico?
Ficou conhecido como Milagre Econômico o fenômeno de crescimento acelerado da economia brasileira durante a Ditadura Civil-Militar.
As medidas que propiciaram essa alta no PIB entre 1968 e 1973 representaram as consequências de programas feitos dos governos Castelo Branco a Emílio Médici.
Alguns ajustes feitos na economia propiciaram o aumento da riqueza do país, com grande expansão da construção civil. Foi nesse período que houve a construção da TransAmazônica, Itaipú, Usinas Nucleares de Angra, ponte Rio-Niterói e mais.
Apesar do crescimento médio de 11,1% na época, ante 4,2% dos anos anteriores, nem tudo foram maravilhas no período.
Obras faraônicas
O período do Milagre Econômico ficou conhecido pelas grandes construções, chamadas de “obras faraônicas”.
Com o Plano de Ação Econômica do Governo (PAEG), feito por Castelo Branco, o Governo Federal buscava conter a inflação ao mesmo tempo em que reajustava as contas públicas e fazia o chamado arrocho salarial, que veremos mais adiante.
Com um reajuste efetivo no orçamento público, o plano de fato conseguiu conter a inflação, ao mesmo tempo em que uma reforma no sistema financeiro nacional passava a financiar o déficit público com títulos da dívida, hoje representado pelo Tesouro Direto.
Por outro lado, a instalação do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) permitiu que o governo financiasse obras públicas, da mesma forma que é feito hoje, porém em escala bem maior.
Além disso, empréstimos estrangeiros, crescimento do mercado interno e das exportações, somado ao grande apoio do governo às multinacionais e a industrialização do país ajudaram o país a crescer nesses patamares.
Dessa forma, Itaipú, Usinas de Angra, Ferrovia do Aço, Carajás e tantas outras obras gigantescas foram inauguradas no período, a custo de financiamento público e massiva mão de obra barata.
A centralização do governo na Ditadura Civil-Militar permitiu que os governos tivessem mais liberdade para focar nos planos sem uma oposição forte o suficiente.
Arrocho salarial
Apesar de o Milagre Econômico ter feito o país crescer bastante, a época foi marcada pelo forte arrocho salarial, que comprometeu o bem-estar das famílias.
Arrocho salarial é o nome dado à falta de reajuste dos salários pela inflação. Dessa forma, enquanto o país crescia e a inflação continuava, os salários não aumentaram, diminuindo o poder de compra das famílias.
Entre 1964 e 1985, período do regime militar, o poder de compra das famílias, o salário mínimo real, caiu 50%, afetando principalmente as famílias mais pobres.
Além de outras causas sociais e políticas, essa foi uma das causas da queda do governo. É comum que quando a inflação chegue a patamares “inaceitáveis”, haja revoltas sociais.
Para se ter uma ideia, a inflação de 2015, início da crise do governo Dilma Roussef, foi de 10,67%. Um ano após, houve o impeachment.
Com a queda do poder de compra no regime, movimentos como o Diretas Já surgiram e encerraram os 21 anos de regime militar.