FMI lança nota com preocupações mundiais

Com o advento da pandemia, muitos países tiveram que colocar dinheiro para fora e isso não passou despercebido pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). A entidade lançou o Relatório de Estabilidade Financeira Global.

A entidade se preocupa com o pós pandemia, principalmente com os riscos de estagflação internacional, o que a entidade alega que tem mais barulho que realidade.

Os três “C”s

O relatório do FMI aborda de forma mais enfática a retomada da economia, que tem três aspectos fundamentais: covid, clima e criptomoedas. Para a entidade, essas variáveis são as que mais afetarão a economia mundial daqui em diante.

Com a ascensão da pandemia, os governos gastaram seus bilhões (ou trilhões) para diminuir os impactos da crise sanitária na vida das pessoas, principalmente as de menor renda. Isso gerou uma onda de alta inflacionária no mundo todo. No Reino Unido, a inflação está em 3,2%, enquanto nos Estados Unidos passa dos 5%. Por aqui, já temos dois dígitos no IPCA.

Contudo, a economia parecia se recuperar de forma saudável, até que as coisas começaram a aparecer. A crise imobiliária na China, que teve mais um capítulo nesse início de semana, afetou o mundo todo. Além disso, o tapering já é esperado para o fim desse ano, o que não agrada muito. Por isso, o FMI conclui que os países deverão ser cautelosos.

Ontem, a incorporadora Sinic, da China, disse que muito provavelmente não pagará suas obrigações do dia 18 de outubro. Além de Evergrande e Fantasia Group, a Sinic também passa por uma crise de pagamentos de dívidas, que faz parte da ascensão da crise imobiliária na China.

Para a instituição, “esses 3Cs – covid, cripto e clima – oferecem a oportunidade de manter a recuperação em andamento, facilitando o acesso a serviços financeiros mais eficientes, acessíveis e inclusivos; e tornando a economia mais verde”. Contudo, o FMI também diz que “eles exigem um esforço global concentrado para conter riscos e vulnerabilidades”. A tradução é livre.

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Gita Gopinath, economista-chefe do FMI | Crédito: AFP via Getty Images

Estagflação

Ontem, 12 de outubro, a economista-chefe do FMI, Gita Gopinath, afirmou em uma entrevista que não vê riscos de estagflação mundial. A fala foi durante o Panorama Econômico Mundial (WEO), uma das mais importantes reuniões do FMI.

Ela disse que a inflação é, de fato, uma preocupação mundial, mas que isso não se dá de forma uniforme, o que não pode caracterizar um fenômeno mundial. Apesar disso, ela vê uma linha tênue entre crescimento e inflação.

Gopinath afirmou, também, que a inflação deve voltar a níveis pré pandêmicos durante o ano que vem. Contudo, isso se dará, segundo ela, de forma diferente em cada país. Posteriormente, ela citou o caso dos Estados Unidos, que devem demorar um pouco mais para normalizar o índice de preços.

Por último, ela usou as perspectivas de crescimento de 4,9% para a economia mundial no fim do ano que vem, com blocos desenvolvidos crescendo acima dos mercados emergentes. “Isso não é nada perto de estagflação”, afirmou.

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