Rachadinha: Davi Alcolumbre é suspeito de corrupção
A Revista Veja lançou, em nota exclusiva, provas de que o ex-presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), foi autor de um grande esquema de rachadinha. Segundo a matéria, o senador contratou seis mulheres para assessoria, mas elas nunca trabalharam com ele.
Dessa forma, ele ficava com a maior parte dos salários, enquanto as “empregadas” ficavam com uma parte pequena do dinheiro. O esquema teria desviado mais de R$2 milhões dos cofres públicos.
Como funcionava a rachadinha?
Segundo a apuração da Veja, o esquema de rachadinha funcionava da forma “tradicional” como os políticos fazem. Nesse crime, os salários exorbitantes dos assessores são divididos em duas partes: uma fica para o parlamentar, enquanto a outra fica para os funcionários.
Nesses casos, é comum que os contratados não trabalhem na assessoria, de fato. Ao contrário do esquema suspeito de Flávio Bolsonaro, as contratadas nunca exerceram cargos públicos e, na verdade, têm níveis de escolaridade e renda baixos, o que influencia na aderência dessas pessoas a esse tipo de esquema.
Os salários pagos às funcionárias fantasmas iam de R$11 mil a R$14 mil, porém a parte que elas recebiam girava em torno de $900. Com isso, o senador ficava com o restante. Todos os meses, seis funcionárias passavam por isso.
De acordo com a matéria, o esquema durou de janeiro de 2016 a março desse ano, quando Davi Alcolumbre ainda presidia o Senado.
Quem são as seis envolvidas?
De acordo com a Veja, as seis participantes do esquema de rachadinha de Davi Alcolumbre são Marina Ramos Brito dos Santos, Érica Almeida Castro. Além delas, Lilian Alves Pereira Braga, Jessyca Priscylla de Vasconcelos Pires, Larissa Alves Pereira Braga e Adriana Souza de Almeida fizeram parte do esquema.
As participantes da rachadinha eram pessoas de baixa renda, sendo donas de casa, desempregadas ou diaristas. Segundo o esquema, elas deveriam ir ao banco e abrir uma conta. Posteriormente, passavam os dados bancários e senha para um outro responsável que, mensalmente, entregava uma parte dos valores em mãos para elas. O restante ficava para os membros do esquema.
“Eles pegaram meu cartão do banco e a senha. Uma pessoa sacava o dinheiro e dava minha parte na mão. Cheguei a ter um salário de 11 000 reais, mas recebia apenas 800 por mês”, disse Lilian à matéria. Segundo elas, ainda, a única contrapartida dos participantes do esquema era que elas não comentassem com ninguém sobre a “contratação”.
Das participantes, a maioria afirma que precisava do dinheiro para os gastos essenciais do dia a dia. Elas teriam aceitado o esquema por falta de renda suficiente para manter um padrão de vida digno. Por outro lado, o senador nega as acusações.
O que diz Davi Alcolumbre?
Davi Alcolumbre alega que nunca fez parte de esquemas de rachadinha e refuta todas as acusações feitas pela reportagem. Ele lançou uma nota à imprensa na última sexta-feira (29), por volta das 17h30.
Nela, ele afirma que está “sofrendo uma campanha difamatória sem precedentes”. Além disso, ele também afirma que “nunca, em hipótese alguma, em tempo algum, tratei, procurei, sugeri ou me envolvi nos fatos mencionados, que somente tomei conhecimento agora, por ocasião dessa reportagem”. A PGR disse que vai analisar o caso.