O candidato da extrema esquerda, Gabriel Boric, venceu as eleições do Chile no fim da tarde de hoje, 19. Disputando contra o candidato da extrema direita, José Antonio Kast, a eleição de Boric foi uma das mais tensas da história do país. Isso porque o Chile é conhecido pela sua política sólida e eficiente, que fez o país se tornar modelo no mundo e, principalmente, na América Latina.
Contudo, o país não vem bem, desde os protestos em 2019. Agora, o cenário por lá é de polarização, principalmente nas redes sociais. Boric é o presidente mais jovem da história do país.
A eleição apertada?
Desde antes do início das votações, as pesquisas mostravam um cenário de aperto. Isso porque os candidatos, na margem de erro, apareciam empatados. Como no Chile o voto é facultativo, os candidatos se debruçaram nessa estratégia para atrair mais eleitores. Contudo, com 92% das urnas apuradas, o cenário que aparece é outro.
Isso porque Boric aparece com 11 pontos percentuais de vantagem sobre Kast, o que nenhuma pesquisa previu. Contudo, isso não quer dizer que o mandato do esquerdista será tarefa fácil. No Chile, o atual governo não tem ampla maioria em nenhuma das casas, o que exigirá negociações e reformulações em projetos importantes ao governo.
Além disso, Boric, que assumirá em março, enfrentará o desafio de acabar com a polarização do país e lutar contra uma inflação bem acima da média para o país. Vale lembrar também que o Chile vem de um processo de constituinte, ou seja, tem uma nova constituição federal. O documento começou a ser feito nesse ano e deve entrar em vigor ainda em 2022. Boric terá o desafio de implementá-la na prática.
Gabriel Boric tem 35 anos e foi deputado antes de assumir a presidência. Ele ficou conhecido por atuar nos protestos contra o governo em 2019, além de assumir pautas feministas, ambientalistas e regionalistas. Por outro lado, Kast defendia uma menor participação do Estado na economia, valores tradicionais e, durante a campanha, chegou a defender a ditadura de Pinochet.
A importância da eleição de Boric
A eleição de Boric marca um capítulo de uma possível queda dos sistemas de direita na América. Iniciando pela eleição de Joe Biden, democrata, sobre Trump, Republicano, os governos de direita parecem chegar no fim. O cenário do Chile vai de encontro ao que aconteceu nos Estados Unidos e provavelmente dá sinais do que acontecerá no Brasil.
Isso porque a influência geopolítica dos Estados Unidos é extremamente forte. Com isso, governos de esquerda da maior economia do mundo começam a pressionar os demais para atender às suas pautas. Dessa forma, parece evidente, ainda mais com as pesquisas eleitorais, que Bolsonaro terá que fazer um esforço maior que o previsto para se manter na presidência.
Além disso, o Chile é a economia mais desenvolvida da América Latina e é modelo para muitos países da região. Apesar disso, a economia chilena e as demandas sociais por lá evidenciam um cenário de decadência social, com piora das condições de vida da população.
