Banco Central da Inglaterra vê cenário de alta de juros

O presidente do Banco Central da Inglaterra falou hoje que ele e o comitê da entidade veem um cenário para a alta dos juros.

Para Andrew Bailey, será necessário ter um “endurecimento” nas políticas monetárias para respeitar os tetos de inflação.

Porque isso é importante?

As falas do Banco Central da Inglaterra, o BoE (sigla em inglês) evidenciam que o fenômeno da alta de juros é global.

Isso porque a inflação causada pela pandemia afetou o mundo todo e já tende a não ser ‘temporária’, como muitos BC afirmaram. Por isso, a alta das taxas de juros vem para segurar a escalada dos preços, que pode desacelerar a economia nos principais centros do globo.

Além disso, o BoE diz esperar uma taxa de inflação de 4% por lá, mais que o dobro do valor inicial estipulado para a meta. Assim, mesmo com uma recuperação econômica relevante após a queda de 10% do PIB no ano passado, nem tudo voltou ao normal.

Exatamente por isso, alguns membros do Conselho pediram a suspensão da recompra de títulos feitos pela entidade, que somam 895 bilhões de libras.

Andrew Bailey ainda afirmou que “a política monetária não deve responder a choques de oferta que não se generalizem por meio de seu impacto sobre as expectativas de inflação”.

Andrew Bailey
Foto: Bloomberg

O que isso significa para o Brasil?

O Brasil é um mercado emergente e as falas do BoE afetam significativamente os índices por aqui e no mundo.

Quando grandes economias buscam aumentar seus juros, mesmo que menores que o do Brasil, os grandes investidores tendem a tirar os valores do Brasil e investir nas economias mais seguras.

Por isso, Reino Unido, Estados Unidos e a Zona do Euro como um todo aumentam as taxas para patamares inferiores a do Brasil. Apesar disso, para quem faz a gestão de bilhões, é melhor ter 4% com segurança que 8% com “menos segurança”.

Dessa forma, fica mais difícil para o Brasil atrair investidores, principalmente na sua dívida pública. Por isso, as tendências das bolsas é de queda, apesar de ocorrer apenas no curto prazo.

Além disso, os investimentos diretos, como em empresas e indústrias, também tende a cair, pois com os juros altos e a economia desaquecida, é mais negócio para as grandes empresas irem para maiores economias que, naturalmente, têm maior dinâmica.

Isso, por exemplo, vai de encontro ao que disse o presidente Jair Bolsonaro na Assembleia Geral da ONU, onde afirmou que a economia está pronta para receber investimentos.

Na verdade, vemos uma economia internacional mais forte que a nossa. Somado a isso, previsões para 2022 não animam o mercado.

Por isso, pode se esperar uma retomada mais lenta que o desejado pelo governo, apesar de ainda estarmos em uma fase de transição entre pautas e a falta de informações necessárias para a estabilidade da economia.

Dessa forma, o aumento de juros nas economias desenvolvidas impacta diretamente por aqui, não representando uma boa notícia até o momento.

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