Boletim Focus: inflação mais alta e PIB mais baixo

O Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central hoje (27) veio com perspectivas piores para a economia brasileira, principalmente no ano de 2022.

Investidores têm medo da alta da inflação e do alto desemprego.

As correções para 2021

O Boletim Focus, que mede as expectativas do mercado para a inflação, câmbio e Selic, veio com números praticamente iguais para essa semana.

Apesar disso, os investidores reajustaram os níveis de inflação para cima. A nova inflação esperada ficou em 8,45%, ante 8,35% da semana passada.

Diversos são os fatores que corroboram para isso, porém uma expectativa de menor desemprego, a extensão da crise hídrica e um dólar em altos patamares são os fatores que mais pesam.

Por outro lado, o IGP-M teve um reajuste para baixo. A “inflação dos imóveis” ficou em 18,18%, ante 18,21% da semana passada. A alta dos imóveis foi uma das principais consequências da pandemia, fazendo com que o IGP-M fechasse, no ano passado, em níveis recordes de 23,14%.

Além disso, dados para o câmbio e para a Selic permanecem os mesmos. Uma cotação, em dezembro, perto de R$5,20 e uma taxa de juros em 8,25%, respectivamente.

A Selic esperada se deve a dois aumentos sucessivos de 1% nas próximas reuniões do COPOM. Uma alta para a próxima reunião é dada como certa pelo próprio Banco Central, que não descarta aumentos maiores.

A inflação acima do teto pressiona a taxa de juros para que os déficits fiscais não fiquem acima do esperado, além de poder impactar diretamente no teto de gastos para o governo que se inicia em 2023.

Boletim Focus
[Imagem: Shutterstock – reprodução]

2022 em piora

Por outro lado, as expectativas do Boletim Focus para a economia no ano que vem não estão nada agradáveis para o mercado.

Um menor PIB, inflação e câmbio mais altos são esperados. Com isso, uma piora generalizada na economia pode ocorrer no ano que vem.

No lado do PIB, a expectativa de crescimento é de 1,57%, ante 1,63% da semana passada. A taxa de crescimento é de níveis baixíssimos, se comparado com as expectativas da zona do euro ou da própria economia americana.

Além disso, um câmbio esperado de R$5,24 pode impactar nas importações e no encarecimento dos produtos nas prateleiras, o que eleva as expectativas de inflação para 4,12% no ano que vem, ante 4,10% esperados na semana passada.

Contudo, a taxa básica de juros, a Selic, esperada segue igual, nos patamares de 8,50%, acima do fechamento desse ano. Por isso, o crescimento de 0,25 pontos percentuais mostra uma leve desaceleração da economia no ano que vem.

Apesar disso, muitas questões ainda estão sem solução e atrapalham a previsão dos dados. No caso dos precatórios, uma solução viável pode colocar mais dinheiro na economia diretamente, via Auxílio Brasil, que pode impulsionar para cima o PIB.

Além disso, dados do desemprego, que saem essa semana, podem impactar positivamente na arrecadação e, por outro lado, na inflação.

O Brasil segue numa fase de “transição” entre um ano com números piores que o esperado e um 2022 com expectativas baixas, mas que podem mudar.

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