Banco Central da Inglaterra aumenta taxa de juros
O Banco Central da Inglaterra foi o primeiro de um país rico a aumentar a taxa de juros em sua economia. Hoje pela manhã, por 8 votos a 1, a autoridade monetária do país subiu a taxa em 0,15 ponto percentual, indo de 0,10% para 0,25%. Além disso, o banco decidiu manter a compra de títulos públicos, movimento que chama de flexibilização quantitativa. A compra ficará em torno de 875 milhões de libras esterlinas.
A subida dos juros marca um movimento internacional dos países ricos de subir suas taxas. Apesar de esperado pelos investidores, analistas acreditam que os bancos podem apertar mais que o planejado. Ontem, Jerome Powell, do FED, disse que os EUA podem aumentar três vezes os juros ano que vem.
Banco Central da Inglaterra contra a inflação
O Banco Central da Inglaterra decidiu subir os juros de sua economia de olho na pandemia e também de olho na inflação, que está bem acima da média histórica do país. Por lá, dados do desemprego mostram uma retomada da economia, o que faz os preços aumentarem também. O aumento vem em um momento de incerteza no país.
Isso porque a variante Ômicron atrapalhou os planos da retomada da vida normal. No início da semana, o Reino Unido confirmou a primeira morte pela variante. Hoje, a França fechou suas fronteiras para viajantes vindos do Reino Unido. Com isso, o Banco Central da Inglaterra afirma que há muita incerteza em relação à economia local, decorrente da incerteza da nova cepa do coronavírus. Apesar disso, a autoridade prevê uma diminuição do desemprego. As expectativas foram de 4,5% para 4%.
Dessa forma, com mais pessoas trabalhando, o consumo deve aumentar. Isso, por sua vez, faz com que os índices de preços subam, o que conhecemos como inflação. O Banco Central da Inglaterra passou as previsões de 5% de inflação no inverno, mas que deve aumentar para 6% em abril, uma taxa bem acima do costume dessas economias, que gira na casa dos 2% a 3%.
Vale lembrar que ontem o FED preparou o terreno para um aumento das taxas de juros. O banco central americano começou a retirada de estímulos (tapering) e citou a possibilidade de três aumentos de taxas de juros no ano de 2022. Em termos de Brasil, o movimento mostra uma preocupação adicional para o governo.
Preocupação no Brasil
A alta dos juros internacionais talvez seja um dos principais entraves para a economia brasileira. Com o aumento do Banco Central da Inglaterra e a certeza de que o FED irá no mesmo ritmo, o governo pode precisar subir a Selic acima dos 12%, a depender da resposta da economia a essas pressões externas. Além disso, o cenário é ruim para a bolsa.
Isso porque, com as taxas maiores, os investidores migram seus valores para mercados mais seguros que, mesmo pagando menos em termos percentuais, têm um melhor risco-retorno. Com isso, o Governo Federal pode ser pressionado a aumentar ainda mais a Selic, com o intuito de atrair investidores de fora. Isso porque um título americano atrelado à inflação pode pagar mais que a atual Selic. O aumento das taxas seria para pagar mais que o mercado internacional e tentar manter a liquidez dos ativos. A saída dos investidores, seja para fora do Brasil, seja para títulos de renda fixa com taxas mais altas, também fazem a bolsa cair.