Queda do dólar: vale a pena aproveitar e viajar para o exterior?

Depois de disparar quase 37% no acumulado dos últimos dois anos, o dólar comercial ensaia um alívio em relação ao real neste início de 2022. A moeda americana recuou 0,99% na última semana, para a casa de 5,45 reais – com queda de 2,07% em janeiro. Para o consumidor, o dólar turismo recuou cerca de 2,4% e passou a ser vendido em torno de 5,69 reais nas casas de câmbio em São Paulo. Para quem compra no cartão pré-pago, a cotação é de 6,03 reais.

O dólar turismo, que é o comprado para viagens, é negociado a uma cotação maior que o comercial, utilizado por empresas, bancos e governos para operações no mercado de câmbio. Isso porque o dólar turismo conta com custos extras das casas de câmbio – que envolvem questões logísticas e de seguro. É o que explica, inclusive, porque a cotação varia de acordo com a cidade em que o comprador está.

Em momentos como o atual, de aparente alívio na cotação, o brasileiro volta a olhar com interesse para o dólar, se perguntando se é ou não a hora de comprar a moeda americana para pagar a viagem para o exterior.

Apesar da cotação mais elevada, o valor do dólar turismo também caiu. Uma pessoas que adquirisse um dólar em 30 de dezembro do último ano pagaria 5,91 reais, sem contar as taxas da casa de câmbio. Na última sexta, era possível realizar a mesma operação por 5,69 reais.

Será que vale a pena viajar agora com a queda do dólar?

O momento de alívio pode ser uma oportunidade de compra interessante para quem tem a intenção de fazer uma viagem ao exterior no curto prazo, como, por exemplo, ainda este ano.

Os 22 centavos podem parecer uma diferença pequena, mas em uma viagem com gastos de 3.000 dólares — contando passagem aérea, hospedagem e despesas diversas, como com alimentação –, equivalem a uma economia de 660 reais.

A principal recomendação dos especialistas é comprar dólar aos poucos, para construir o chamado “preço médio”. Ao adquirir dólar parceladamente em diversas janelas de tempo, o comprador obtém diferentes cotações e, assim, se protege da variação do câmbio. Se a compra for feita muito perto da viagem, o comprador ficará refém da cotação disponível naquele momento – o que pode acabar pesando negativamente no orçamento para o passeio.

A dica vale principalmente para períodos de alta volatilidade no mercado de câmbio, como promete ser o ano de 2022. Isso porque anos eleitorais costumam ser períodos de incerteza nos mercados, com movimentos mais acentuados de altas e baixas na cotação — em geral, mais de altas do que de baixas. Em 2018, por exemplo, ano da última eleição presidencial, o dólar acumulou valorização de 17%.

O maior risco são novamente as eleições. Com o objetivo de tentar aumentar a popularidade do presidente Jair Bolsonaro até o pleito de outubro, o governo tem emitido sinais sucessivos de propensão a elevar gastos.

O recado mais recente nessa direção foi a afirmação de Bolsonaro de que está negociando com o Congresso uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para reduzir o preço dos combustíveis e da energia elétrica. A mudança em discussão, com redução de tributos, reduziria a arrecadação federal em cerca de 50 bilhões de reais por ano.

Esses são fatores que reforçam a necessidade de comprar dólar aos poucos quando o objetivo é viajar.

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