O governo querendo driblar o teto de gastos
Com o Auxílio Brasil em pauta, o Governo Federal, pela equipe econômica, busca meios de driblar o teto de gastos. E não é apenas com o benefício.
Isso porque já se discute a inclusão de gastos com vacinação e litígio para famílias monoparentais fora do teto de gastos, o que pode somar R$100 bilhões extras.
Paulo Guedes driblando o teto de gastos?
O ministro da Economia, Paulo Guedes, parecia ser um dos poucos do governo a se posicionar contra o rompimento do teto de gastos. Parecia. Porque agora ele está negociando um “folga” de R$30 bilhões para caber o Auxílio Brasil nas contas do governo.
Ontem à noite, Guedes afirmou que “fazendo a sincronização dos ajustes – de um lado as despesas obrigatórias, os salários, de outro lado o teto -, ou pedindo um waiver [folga] com um número limitado, pouco mais de R$ 30 bilhões” seriam gastos fora do teto. Além disso, ele ressaltou que a medida é política.
Com essa trajetória, fica evidente que a pressão vem do chefe do Executivo, Jair Bolsonaro. O mercado vê a medida com receio, pois o teto de gastos serve justamente para evitar despesas eleitoreiras. Contudo, isso não seria o pior: se um governante rompe o teto, isso abre espaço para que os outros também o façam.
O que dizem outras figuras?
O rompimento do teto de gastos causou, como previsto, muito barulho na classe política. Ontem, a oposição se manifestou favorável ao Auxílio Brasil. Hoje, alguns presidenciáveis já comentaram o assunto.
Através do Twitter ontem, Lula defendeu o Auxílio Brasil. O partido foi um dos maiores opositores à medida do teto de gastos quando foi implementada, no governo Temer. Por outro lado, o presidenciável Eduardo Leite afirmou hoje, através da mesma rede social, que furar ou não o teto de gastos não é um dilema.
Segundo ele, “furar ou não o teto é falso dilema, mais um entre tantos no Brasil. Há dinheiro sem furar, basta rever prioridades para gastar menos com privilegiados e mais com os brasileiros que precisam. Acontece que ter Teto de gastos incomoda porque obriga o gestor público a fazer escolhas.”
Ainda, Rodrigo Maia, ex-presidente da Câmara dos Deputados, afirmou que os responsáveis pela economia “estão superando a contabilidade criativa do ministro Mantega”, em referência aos governos petistas.
Nos bastidores, o Governo Federal parece buscar meios para não furar o teto de gastos. Mas a imagem que passa aos investidores é que, se não houver alternativa, o governo não hesitará em gastar mais que arrecada.
Dessa forma, abre-se espaço para o risco fiscal tomar conta do cenário brasileiro, elevando a inflação, diminuindo o PIB e afetando o desemprego da população. Contudo, isso deve ser resolvido ainda hoje, pois a votação da PEC dos precatórios deve acontecer hoje após dois adiamentos consecutivos. O mercado busca por boas notícias.