Ibovespa: touro não dá sorte e índice fecha em queda

A B3 colocou um touro na calçada, inspirada na bolsa americana. Apesar disso, o bichinho não deu sorte e o Ibovespa fechou em queda de 1,82%. A baixa do dia veio por causa de declarações do presidente Jair Bolsonaro, além de fatores externos à economia brasileira.

Com o resultado de hoje, o Ibovespa perde o viés positivo do mês de novembro e aumenta as perdas do ano, que já somam 12%.

O que pesou no cenário interno?

A PEC dos precatórios, já aprovada em dois turnos na Câmara dos Deputados, ainda está refletindo no mercado financeiro. Isso porque, além de precisar passar pela sansão do Senado, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que, caso seja aprovada a PEC, os servidores públicos terão reajuste salarial.

Com essa medida, o Ibovespa vê crescer a possibilidade de um aumento de gastos do governo, que vem em linha oposta ao que o presidente disse em 2018, nas eleições. Na época, o “mais Brasil, menos Brasília” agradou o mercado, mas agora o cenário é outro. Além disso, o impacto fica maior pelo fato de o presidente ter furado o teto de gastos para pagar o Auxílio Brasil. Por isso, qualquer medida fiscal que o governo tomar terá impactos exagerados no mercado.

Cálculos do IFI afirmam que a cada 1% de reajuste nos salários, o Governo Federal passa a ter uma folha de R$3 bilhões a R$4 bilhões maior. Com isso, a dívida pública pode crescer e chegar a patamares indesejados. Hoje, a relação dívida/PIB do Brasil está na casa dos 82%, um patamar considerado elevado por muitos economistas.

Apesar disso, alguns senadores afirmam que a PEC deve voltar à Câmara, pois o Senado deve fazer modificações no texto. Isso atrasaria o planejamento fiscal do governo para 2022, mas o Legislativo como um todo não descarta a aprovação do projeto.

Ibovespa
Foto: Edgar Su/Reuters

O FED falou e mexeu no Ibovespa

Além da PEC, hoje o Ibovespa se deparou com falas do presidente do FED de St. Louis, James Bullard. Ele disse que o FED precisaria ser mais agressivo no controle inflacionário dos Estados Unidos, e os resultados práticos disso não são exatamente favoráveis à renda variável.

Isso porque a postura hawkish do FED tende a diminuir as compras dos títulos públicos com o tapering, mas isso faz com que as taxas de juros aumentem. Com isso, os títulos da dívida americana terão percentuais maiores. Com o menor risco de mercado do mundo, investidores buscarão investir nesses papéis e sair do mercado de países emergentes.

Apesar disso, as bolsas americanas subiram após um dia de lateralidade. Por lá, Nasdaq subiu 0,76%, enquanto S&P 500 subiu 0,39%. O Dow Jones, por sua vez, operou em alta de 0,15%. Dessa forma, as bolsas seguem batendo as máximas históricas por lá, se descolando cada vez mais do índice brasileiro.

Por aqui, também tivemos destaques. Há pouco, Méliuz reverteu seus lucros e mostrou um prejuízo de R$2,9 milhões no terceiro semestre. Além disso, os papéis de Magazine Luiza voltaram a cair, fechando em -12,64%. Nas boas notícias, Suzano operou no verde em +3,50%. Petrobrás operou em alta de 1,03%.

 

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