Dólar sobe 5% em um mês e impacta economia brasileira

Do dia primeiro de setembro até hoje, o dólar subiu quase 5% na cotação em real. Por isso, a economia brasileira fica impactada, com a fuga dos investidores para a moeda mais segura do mundo.

Por outro lado, investidores estão aproveitando as oportunidades dessa alta.

A alta da moeda assusta?

Sim, assusta muito, principalmente as famílias mais pobres. Isso porque o dólar é diretamente ligado com o preço de importação de vários insumos, como o trigo, parte da gasolina consumida no país e muitas outras coisas.

Dentre elas, o maquinário das empresas que investem em processos industriais de expansão. Por isso, com a máquina mais cara, a produção nacional tende a envelhecer e diminuir.

Mesmo que a alta não seja permanente, os impactos dela são vistos nesse mesmo. Em setembro, o IPCA-15, uma prévia da inflação oficial, ficou em 1,14%, passando dos 10% no anualizado.

Por isso, o governo brasileiro, através de políticas monetárias, não está conseguindo segurar a alta da moeda. Nem poderia.

O cenário internacional é extremamente favorável à fuga de investidores.

Os motivos da alta

A economia global passa por uma turbulência grande e a incerteza paira sobre o mercado financeiro, que busca o dólar nessas horas.

O caso da Evergrande, a segunda maior incorporadora chinesa, atraiu os olhares dos investidores para um possível choque global de demanda de minério de ferro, que atacaria toda a economia.

A situação, ainda longe de ser controlada, ficou pior quando a economia americana fechou com uma inflação abaixo do esperado, apesar de o PIB estar dentro das expectativas.

Além disso, bancos centrais do mundo todo veem um cenário de alta de juros, o que retira, quase que automaticamente, dinheiro das economias emergentes para as desenvolvidas.

Posteriormente, a retirada de estímulos do FED, ao suspender gradativamente a compra de títulos públicos, deixa a expectativa se a economia americana conseguirá se sustentar com as próprias pernas. A mesma medida entrará em vigor no Reino Unido.

Somado a tudo isso, ainda tem a bolha das ações americanas estourando, o que faz os investidores buscarem mais títulos públicos, aumentando ainda mais a valorização do dólar.

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Apesar disso, o mercado brasileiro também contribui para a saída de capitais do Brasil.

Isso porque as prévias de inflação e PIB, bem como suas expectativas, não mostram um Brasil atraente para investidores internacionais. Com o IPCA recorde e o PIB na casa dos 1,57% para 2022 (e caindo), os investidores preferem mercados em maior expansão.

Por outro lado, a responsabilidade fiscal deixa dúvidas no governo brasileiro. Mesmo que com a aparente conclusão das questões dos precatórios, a pressão do Executivo nos outros setores levanta suspeitas de que o assunto pode ser mais grave do que se pensa.

Ainda, a votação da reforma do IR será finalizada até novembro, mas não deve excluir a tributação de dividendos. Assim espera o mercado. De qualquer forma, a economia não gosta de indecisões, e o mundo está cheio delas.

Por isso, a alta do dólar preocupa, mas não deve se esticar mais que os R$5,60, como mostra o Boletim Focus.

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