Energia elétrica: crise hídrica dá folga, mas preocupa

A energia elétrica subiu mais de 20% em 12 meses, pressionada principalmente pela falta de chuvas e o baixo nível dos reservatórios. Com essa crise hídrica, uma tarifa mais cara foi criada para pressionar o consumo. E deu resultado.

Isso porque os reservatórios, apesar de pouco, começam a se recuperar. Além disso, a boa notícia é que o período chuvoso está apenas começando, o que deve trazer bons regimes de chuvas nos próximos dias.

Menos pior

A crise hídrica ficou menos pior nos últimos dias com o regime de chuvas mais forte que os meses anteriores. Isso pode afetar positivamente o preço da energia elétrica, que tende a ficar mais barata.

Além do aumento das chuvas, uma diminuição de demanda de energia elétrica deu uma folga para os reservatórios. Apesar disso, isso afetou de forma desigual no país todo. Isso porque os reservatórios do Sul tiveram aumento de 5,98 pontos percentuais no volume de água, enquanto na região Sudeste a subida foi de 0,33 ponto percentual. Contudo, o leve aumento é melhor que uma queda.

A notícia que preocupa é que a região Sudeste, com menor aumento nos níveis, representa 70% da capacidade de energia do país, enquanto a região Sul representa apenas 7%.

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Crédito: Shutterstock

 

Redução voluntária de consumo

Nesse tempo, muitas empresas reduziram, de forma voluntária, o seu consumo de energia elétrica para superar a crise hídrica. O presidente Jair Bolsonaro pediu para que o consumidor apagasse “um ponto de luz na sua casa” no dia 26 de agosto.

Segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a redução foi de 442 megawatts em setembro e já somou 600 megawatts no mês de outubro. A redução é considerável e diminui a pressão nos sistemas de geração de energia. Apesar disso, os níveis dos reservatórios permanecem em estado crítico. Segundo o ONS, o nível dos reservatórios está abaixo dos 40%, com exceção da região Norte.

O impacto na energia elétrica

A boa notícia vem em um bom momento. Com um aumento expressivo na conta de energia elétrica, o nível normal dos reservatórios pode pressionar a inflação para baixo, o que já é esperado pelo time de economia do Governo Federal.

Isso porque a inflação atingiu os 10,25% com os dados de setembro. Apesar disso, as expectativas do mercado deixam o IPCA em 8,59% no final do ano. Por isso, espera-se que a inflação comece a arrefecer nos próximos meses. Paulo Guedes e Roberto Campos Neto seguiram esse discurso também.

Contudo, o patamar ainda é alto, e uma diminuição no custo da energia elétrica poderia pressionar a inflação para patamares menores. Apesar disso, as previsões para chuvas e geração de energia são incertos e não permitem inferir que a crise hídrica acabará num futuro próximo.

A tarifa preta segue valendo até 30 de abril de 2022 até segunda ordem. Como isso afeta a economia como um todo, uma desaceleração da economia pode ser sentida até lá e, caso melhore o cenário, a retomada pode ser lenta. A previsão do PIB para 2022 não passa dos 2%.

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