Cazaquistão tem ondas de revolta; entenda

O Cazaquistão, nono maior país do mundo, está passando por uma grande onda de revolta da sua população. Por lá, o governo já pediu renúncia do poder, mas nem isso diminuiu as tensões. Apesar de ser um país distante do Brasil geográfica e politicamente, as revoltas por lá afetam diretamente toda a economia internacional, o que inclui o nosso país.

Desde o preço do petróleo, até a cotação do Bitcoin, a revolta no Cazaquistão afetou todo o planeta. Por isso, nesse texto vamos explicar o que aconteceu e como podemos sentir os impactos da revolta.

Como começou a revolta no Cazaquistão?

Como todo movimento social, os protestos no Cazaquistão não começaram da noite para o dia. Contudo, o aumento do teto do preço do GLP, usado para abastecer carros, foi o estopim para um dos maiores movimentos de revolta do mundo. Por lá, mas de 2 mil pessoas já foram presas nas ruas do país.

Os protestos começaram no dia 2 de janeiro, quando o governo elevou o preço máximo do GLP. O gás é utilizado para abastecer veículos em todo o mundo. Contudo, à medida em que as revoltas foram ganhando tamanho, o preço do GLP deu espaço a mais revoltas. Na quarta-feira, 5, o governo declarou estado de emergência no país. Além disso, a internet ficou fora do ar em diversas localidades do país. Posteriormente, o presidente do Cazaquistão, Kassym-Jomart Tokayev, que é apenas a segunda pessoa a presidir o país desde 1991 (fim da União Soviética), disse que baixaria os preços do gás, o que não surtiu nenhum efeito. Isso porque, mesmo depois do anúncio, manifestantes invadiram o gabinete do prefeito de Almaty, a maior cidade do país.

Contudo, o presidente do país afirma que os manifestantes são liderados por “gangues terroristas” que, segundo ele, são treinadas no exterior. Com isso, Tokayev acusa entidades internacionais de tentarem causar um conflito interno em seu governo. Para ele, a ideia é derrubar a estabilidade do país.

Cazaquistão
Forças de segurança nacional disparando contra manifestantes no Cazaquistão. Foto: Reuters

O que querem os manifestantes?

É difícil apontar apenas uma reivindicação dos manifestantes no Cazaquistão. Por lá, o fator do aumento do teto do preço do GLP gerou uma onda de maiores reivindicações, algo que é bastante comum e aconteceu, inclusive, na história do Brasil.

Isso porque em 2013, após o aumento de 2o centavos na passagem de ônibus, a população brasileira passou a protestar contra o governo, a corrupção e melhores condições de vida. E é exatamente o que acontece no Cazaquistão: o aumento do preço do GLP fez com que manifestantes exigissem mudanças reais no governo, como eleições diretas para cargos locais, porque hoje os governadores regionais são nomeados pelo presidente. Além disso, os protestos querem o retorno à Constituição de 1993, que tem um caráter mais democrático. Ainda, os opositores querem anistia a manifestantes, além de permitir que pessoas não ligadas ao regime atual tenham a chance de ascender ao poder. Isso porque nas eleições de 2019, quando Tokayev foi eleito, ele praticamente não teve adversário nas urnas.

Até agora, os protestos no Cazaquistão geraram um aumento de preço do petróleo, dado que o país é importante fonte do produto e membro da OPEP+. Durante a semana, o Brent subiu cerca de 5%. Por outro lado, o país é um dos grandes mineradores de Bitcoin. Sem internet e com instabilidade, a mineração caiu, abalando a confiança dos investidores na criptomoeda, que tem mais de 10% de queda em 5 dias.

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