Boletim Focus: olhando 2022, mercado prevê recessão
O Boletim Focus, relatório semanal do Banco Central do Brasil, começa a olhar para 2022. Contudo, os dados dessa semana não animam os economistas, nem os investidores. Isso porque, nessa semana, a previsão do PIB voltou a cair, o câmbio subiu e a Selic se manteve em patamares altos.
As incertezas em relação ao Brasil, o cenário fiscal e a necessidade de reformas são alguns dos entraves que os investidores veem para o país no ano que vem. Caso as expectativas se concretizem, o Brasil entrará em estagflação no ano que vem.
Tudo ficando pior no Boletim Focus?
Com os atuais dados, os economistas veem uma economia piorando para o Brasil no ano de 2022. Isso porque as previsões de PIB seguem baixas, enquanto a inflação segue em patamares consideráveis, mas longe dos topos históricos. Para piorar, o IPCA-15 da semana passada mostrou a maior inflação em seis anos para o Brasil. E essas incertezas pesam no Boletim Focus.
Com os dados dessa semana, o PIB do Brasil, segundo as previsões, deve subir 0,42% no ano que vem, o que é considerado um valor baixo. Por outro lado, a inflação que o mercado prevê está na casa dos 5,03%, um valor bem longe dos atuais quase 11%, mas que ficariam perto do topo do atual cenário esperado pelo Banco Central. A taxa Selic esperada é a de 11,50% no final do ano que vem.
Dessa forma, o Brasil teria uma economia lenta e com pouco crescimento, o que afeta principalmente os mais vulneráveis. Para mudar isso, especialistas citam uma série de mudanças que o governo precisaria fazer para animar novos investimentos no país.
O que o país precisa para crescer em 2022?
A pauta mais importante para 2022, segundo os economistas, são as reformas. Já para o ano que vem, o Senado deve colocar em prioridade a reforma tributária, mas não para por aí. Com os gastos do governo em alta, o mercado também passa a exigir uma reforma administrativa, o que não deve ocorrer, segundo analistas políticos.
A reforma tributária serviria para simplificar a arrecadação do governo, além de aumentar as fontes de receita do Estado. A pauta ficou de lado nesse ano, principalmente com os holofotes virados para os precatórios e para o Auxílio Brasil, programa substituto do Bolsa Família. Além disso, economistas afirmam que o Governo Federal vai gastar acima do que deveria em 2022, o que pode atrapalhar a retomada da economia.
Isso porque a PEC dos precatórios e seus penduricalhos mudaram a forma como os gastos do governo são calculados. Com os gastos mais altos, o mercado internacional exigirá uma reforma administrativa e o Boletim Focus poderia mostrar resultados melhores. Dessa forma, uma diminuição nos cargos públicos, para que o governo possa reduzir suas despesas recorrentes, seria a chave fundamental para o Brasil retomar o crescimento. Por outro lado, o ano eleitoral e a necessidade de Bolsonaro de angariar votos para uma possível reeleição impedem que isso seja feito de forma abrupta, nos vieses liberais do ministro da Economia, Paulo Guedes.