Banco Central se reunirá pressionado por causa da inflação
A inflação acima do esperado no ano de 2021 pressionará a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (COPOM) no próximo dia 1° de fevereiro. Esse é o consenso entre diversos analistas e economistas depois que o IPCA fechou em 10,06% no ano passado. A ideia é que a inflação acima do esperado pressione a alta das taxas de juros pelo Banco Central, mesmo que ela não ajude na contenção dos preços das principais causas da inflação: o aumento da gasolina e da energia elétrica.
Apesar disso, o mercado acredita em uma taxa Selic de 11,75% no final de 2022. Com o atual patamar de 9,25%, a expectativa representa um aumento de 2,5% na taxa. Contudo, o mercado espera um movimento de alta antes que a taxa, de fato, feche o ano.
Por que a inflação segue alta?
De acordo com o IBGE, a inflação fechou em alta no país em 2021 por causa do aumento da gasolina e também pelo aumento da energia elétrica. Ambos os impactos não dependem da taxa de juros para subir ou cair. Isso porque os motivos que elevam e abaixam os preços são outros e únicos para cada um desses casos.
A começar pela gasolina, o preço do Brasil depende de dois fatores maiores: o preço do petróleo e a cotação do dólar. Nenhum deles ligados ao Banco Central. A ideia é simples: o país precisa comprar petróleo para produzir a gasolina e distribuir no mercado nacional. Isso acontece porque o Brasil não é autossuficiente no produto. Como o petróleo é decidido pelos mercados do mundo todo, ele é cotado em dólar.
Durante a retomada da economia, que ocorreu depois dos mais diversos isolamentos sociais no mundo, o preço do petróleo, em dólar, começou a subir muito, batendo recordes históricos de cotação. Além desse fato, o próprio dólar chegou a subir 9% no ano passado, apesar de apresentar uma leve queda no último mês do ano. Disso resultou os sucessivos aumentos de preços da gasolina, que afetam toda a economia.
Por outro lado, a falta de chuvas gerou maiores custos para produzir a energia elétrica. Com os custos maiores, o preço da venda também é maior. Exatamente isso que encareceu as tarifas de energia no país inteiro.
O que o Banco Central pode fazer?
Por causa da ineficiência da taxa Selic em diminuir o preço desses dois produtos (petróleo e energia elétrica), o Banco Central fica de mãos atadas para tentar atingir o centro da meta inflacionária em 2022. Apesar disso, especialistas acreditam que o aumento da taxa de juros pode segurar minimamente a alta dos preços.
Isso porque o Banco Central aumentando os juros, as empresas e as pessoas passam a consumir menos. Assim, caindo o preço nos outros setores, a média da inflação, o IPCA, acaba ficando menor. Com isso, a ideia é compensar o aumento dos combustíveis e da energia elétrica com os preços de outros setores.
Apesar disso, o impacto dos transportes e do setor de habitação, ligados ao petróleo e à energia elétrica, respectivamente, correspondem a 6,24 pontos percentuais no resultado de 10,06%. Isso quer dizer que as duas variáveis impactam em mais da metade da inflação. Dessa forma, economistas acreditam que a medida mais eficaz para segurar a inflação seria um dólar mais baixo e um regime melhor de produção de energia elétrica.
Vale lembrar que a cotação do petróleo não depende do Brasil, muito menos do Banco Central. Apesar disso, se a cotação caísse, isso seria bom para a economia brasileira.