A polêmica da vacinação de crianças; entenda
Desde que a ANVISA aprovou a vacinação de crianças de 5 a 11 anos, o poder executivo não tem atuado para impulsionar a vacinação dessa faixa etária. Isso é o que dizem especialistas na área sobre as medidas do ministério da Saúde em relação aos acontecimentos do último dia. As desavenças entre a ANVISA e Bolsonaro foram o início de uma relação conturbada.
Com isso, o ministro Marcelo Queiroga, da Saúde, afirmou ontem que a vacinação de crianças ocorrerá apenas com prescrição médica e com a autorização dos pais. Vale lembrar que a vacina para essa faixa etária é diferente das demais.
O que impede a vacinação de crianças?
A ANVISA aprovou a vacinação de crianças e, desde o dia posterior, o presidente se colocou contrário a essa aprovação. Na ocasião, ele afirmou ter pedido os nomes dos funcionários da entidade para, segundo ele, todos saberem os nomes. Funcionários da autarquia protestaram afirmando que se trata de ameaça.
Contudo, os apoiadores do presidente afirmam que diversos estudos mostram que há risco de comorbidades cardíacas em pessoas vacinadas. Apesar disso, a incidência desses casos é baixa, segundo o estudo, o que fez a OMS continuar apoiando a vacinação com o imunizante. Porém, o presidente, que é contrário à ideia de obrigar a vacinação, disse que com as crianças os cuidados devem ser maiores.
Por isso, ontem à noite Queiroga afirmou que a vacinação de crianças ocorrerá apenas se os médicos prescreverem e se os pais autorizarem. Apesar disso, não deve haver maiores dificuldades na vacinação desse grupo. O ministro ainda informou que o país tem capacidade para vacinar essa fixa em um “prazo bastante curto”, mas não informou maiores detalhes.
O governo vai imunizar
Apesar da fala de Queiroga de precisar de prescrição e autorização na vacinação de crianças, esse posicionamento significa uma mudança de postura do Governo Federal. Isso porque na manhã de ontem, 23, o ministro deu sinais de que não compraria os imunizantes, pois a incidência de casos nessa faixa está dentro da normalidade, segundo ele.
“Os óbitos de crianças estão dentro de uma patamar que não implica em decisões emergenciais. Ou seja, isso aqui favorece que o ministério tomar uma decisão baseada em evidência científica de qualidade, na questão da segurança, na questão da eficácia e da efetividade“, disse o ministro.
A fala é importante, porque a vacina para a faixa de 5 a 11 anos é diferente das demais. Dessa forma, depende do Governo Federal a compra dessas doses do imunizante e, com isso, uma sinalização contrária à vacina pode tirar a chance de escolha dos pais e responsáveis. Porém, Queiroga parece ter chegado em uma boa solução para resolver o caso, segundo especialistas em políticas públicas. O ministério ainda abriu uma consulta pública sobre o caso.
“Nós estamos aqui exercendo a nossa soberania, as prerrogativas do Ministério da Saúde, deixando as famílias tranquilas, os pais, as mães, para que eles possam livremente optar por vacinar ou não seus filhos, após a orientação do médico e a assinatura do termo de consentimento livre esclarecido“, disse o ministro. A vacinação de crianças está aprovada pela ANVISA e depende, agora, da compra dos imunizantes e da distribuição para as diversas cidades. O calendário dependerá das condições de cada município.