Câmbio: dólar sobe 0,36% e vai a R$ 4,75 com deflação do IPCA-15
A cotação do dólar respondeu aos resultados do IPCA-15 recentemente liberados. Após atingir o menor valor em quinze meses, o dólar encerrou a sessão desta terça-feira (25) com ganhos, impulsionado pela repercussão dos dados do IPCA-15 de julho, que foram mais fracos do que o esperado.
Esses números reforçaram as expectativas de que a Selic, taxa básica de juros do Brasil, seja reduzida, ao mesmo tempo em que os investidores aguardam a decisão de política monetária do Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, que ocorrerá na próxima quarta-feira.
A cotação do dólar comercial fechou em alta de 0,36%, sendo negociado a R$ 4,750 na compra e na venda.
Deflação no IPCA-15
O IPCA-15 registrou deflação em julho pela primeira vez em dez meses, principalmente devido à queda nos preços da energia elétrica. Esse resultado levou a inflação em 12 meses ao menor nível em quase três anos e abaixo da meta estabelecida, aumentando as expectativas de que o Banco Central do Brasil possa iniciar um novo ciclo de redução da Selic com um corte de 0,50 ponto percentual na semana seguinte.
As taxas dos contratos futuros de juros também refletiram essas projeções, com a maioria (66%) precificando um corte de 0,50 ponto percentual na Selic no início do próximo mês, enquanto 34% projetam um ajuste menos intenso, de 0,25 ponto.
O nível atual dos juros, de 13,75%, torna o real brasileiro mais atrativo para estratégias de “carry trade”, que buscam lucrar com as diferenças nos custos de empréstimo entre economias. No entanto, analistas alertam que, apesar disso, o real pode enfrentar uma tendência de queda de curto prazo, especialmente com a recente valorização das commodities.
Índice do dólar e o FED
O índice do dólar, que mede o valor da moeda em relação a uma cesta de moedas fortes, também influenciou o mercado cambial local, com investidores atentos à reunião do Federal Reserve, que está acontecendo e terminará na quarta-feira.
Espera-se que o Fed aumente suas taxas de juros em 25 pontos-base e sinalize uma pausa prolongada antes de um possível novo corte de juros em 2024. Isso pode enfraquecer o dólar globalmente, mas os impactos já estão precificados, e os agentes financeiros não esperam grandes surpresas.
IPCA, Selic e Banco Central
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é um indicador fundamental para o Banco Central do Brasil no que diz respeito à cotação do dólar e à política cambial do país. O IPCA é o índice oficial de inflação no Brasil, e sua variação é amplamente monitorada pelo Banco Central para garantir a estabilidade de preços e o controle da inflação.
O comportamento do IPCA influencia diretamente as decisões de política monetária, incluindo a definição da taxa básica de juros, a Selic. O Banco Central tem como principal objetivo manter a inflação dentro da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que para o IPCA é de 4,90% em 2023.
Mudanças no IPCA
Quando o IPCA apresenta um comportamento mais elevado, ou seja, quando a inflação está acima da meta, o Banco Central pode optar por aumentar a taxa Selic para conter a demanda e reduzir a pressão inflacionária. O aumento da taxa Selic torna os investimentos em real mais atraentes, aumentando a procura pela moeda nacional e, consequentemente, valorizando o real em relação ao dólar.
Por outro lado, quando o IPCA está abaixo da meta ou em trajetória de queda, o Banco Central pode optar por reduzir a taxa Selic, buscando estimular a atividade econômica e o consumo. A redução da taxa Selic torna os investimentos em real menos atraentes, reduzindo a procura pela moeda nacional e, assim, desvalorizando o real em relação ao dólar.
Além disso, o IPCA também influencia as expectativas dos agentes econômicos em relação à inflação futura. Se o IPCA está em alta, os agentes econômicos podem antecipar aumentos de preços no futuro, o que pode levar a uma demanda por dólar como forma de proteção contra a desvalorização do real.
Por outro lado, se o IPCA está em trajetória de queda, as expectativas de inflação podem se reduzir, diminuindo a demanda por dólar.
Banco Central
O Banco Central também pode intervir diretamente no mercado cambial para conter volatilidades excessivas ou influenciar a taxa de câmbio. Por meio de leilões de compra ou venda de dólares, o Banco Central pode influenciar a oferta e a demanda da moeda estrangeira, buscando atingir os objetivos de sua política cambial.
Em resumo, o IPCA exerce um papel crucial no contexto da cotação do dólar e na política cambial do Brasil. Suas variações afetam diretamente as decisões do Banco Central em relação à taxa de juros e às intervenções no mercado cambial.
A busca pelo equilíbrio entre a estabilidade de preços, representada pelo IPCA, e a cotação do dólar é fundamental para o controle da inflação, a estabilidade econômica e o bom funcionamento da economia brasileira.