Por que milhares de brasileiros estão desistindo do sonho de comprar sua casa própria?
A elevada taxa de juros reduziu o interesse na compra de imóveis ao menor patamar dos últimos três anos.
Casa Própria – Para muitos brasileiros, a realização do sonho de possuir um imóvel parece estar sendo adiada. De acordo com recente pesquisa, o interesse em comprar imóveis atingiu o nível mais baixo dos últimos três anos. Descubra o que tem motivado os brasileiros a deixarem esse sonho para depois.
Possuir uma casa própria é um desejo comum a todos os brasileiros, independentemente de sua localização geográfica ou estrato social. De acordo com o estudo Raio-X FipeZap+, no primeiro trimestre deste ano, 40% dos brasileiros tinham intenção de adquirir um imóvel. Esse número representa uma queda em relação ao mesmo período do ano anterior, quando 44% expressaram a vontade de comprar uma propriedade.
As elevadas taxas de juros, aliadas às incertezas relacionadas ao emprego e à renda, estão postergando a realização do sonho da casa própria.
Essa diminuição é atribuída à instabilidade no mercado de trabalho e ao elevado valor dos financiamentos imobiliários. Em março, a taxa média anual de juros para empréstimos destinados à compra de imóveis chegou a 11%, o valor mais alto desde agosto de 2016. A diminuição na disponibilidade de crédito tem impactado as vendas, já que menos indivíduos conseguem obter financiamentos devido à redução de renda ou ao aumento das taxas de juros.
A taxa Selic, também conhecida como taxa básica de juros, é a referência para a determinação das taxas de juros no setor financeiro brasileiro. Esta taxa é fixada pelo Comitê de Política Monetária (Copom), um órgão do Banco Central do Brasil, e serve como instrumento para regular a inflação e influenciar a economia do país.
De acordo com o grupo liderado por Roberto Campos Neto, a taxa Selic atualmente está em 13,75% como parte da estratégia do Banco Central para controlar a inflação. Quando a economia mostra indícios de inflação, o Banco Central pode optar por elevar a taxa de juros para desencorajar o consumo e os investimentos, tornando o crédito mais custoso. Dessa forma, pretende-se gerenciar a demanda e mitigar a inflação.
Casa Própria e os juros altos
O economista Alison de Oliveira, coordenador de índices da FipeZap e pesquisador da Fipe, aponta que o principal motivo para essa queda foi o aumento nas taxas de juros.
Em abril deste ano, a Caixa Econômica Federal divulgou um aumento na taxa de juros do financiamento imobiliário proveniente de recursos da poupança.
Segundo a administração da Caixa, as taxas variam entre 8,99% e 9,99% ao ano, além da Taxa Referencial (TR).
No setor bancário privado, Itaú, Bradesco e Santander, o aumento resultou em uma taxa que ultrapassou os 10% ao ano ao final de 2022.
Em março deste ano, a taxa média anual de juros para empréstimos destinados à compra de imóveis estava em 11% ao ano.
Um fator adicional que contribui é a redução na renda mensal do brasileiro. Afinal, a compra de um imóvel compromete a renda familiar, que tem enfrentado uma queda significativa nos últimos anos.
Uma das medidas adotadas pelo governo Lula para facilitar a aquisição da casa própria foi a retomada do programa Minha Casa Minha Vida, que permite a compra de moradias populares a taxas de juros mais acessíveis.
Comprar uma casa própria com juros elevados pode ser um desafio, mas existem algumas estratégias que podem ajudar:
Economize para dar uma entrada maior: Quanto maior a entrada, menor será o valor do financiamento e, consequentemente, menor será o impacto dos juros.
Melhore seu perfil de crédito: Manter um bom histórico de crédito pode ajudar a negociar melhores condições de financiamento. Pague suas contas em dia, evite dívidas altas e mantenha uma renda estável.
Pesquise as melhores condições: Compare as taxas de juros e condições de diferentes instituições financeiras. Além dos grandes bancos, considere também as cooperativas de crédito e os bancos menores, que muitas vezes oferecem taxas mais competitivas.
Considere o programa Minha Casa Minha Vida: Se você se enquadra nos requisitos de renda, o programa Minha Casa Minha Vida pode oferecer taxas de juros mais baixas.
Considere imóveis usados: Geralmente, imóveis usados são mais baratos que os novos, o que pode ajudar a reduzir o valor do financiamento.
Negocie o preço do imóvel: Não aceite o primeiro preço que lhe oferecerem. Tente negociar com o vendedor para diminuir o valor de venda.
Planejamento financeiro: Mantenha um controle rigoroso de suas finanças e evite gastos desnecessários. Isso pode ajudar a economizar para a entrada e a pagar as parcelas do financiamento.
Considere a opção de consórcio: Em um consórcio, você paga parcelas mensais e espera ser sorteado ou dá um lance para receber a carta de crédito e comprar o imóvel. As taxas costumam ser mais baixas que as do financiamento, mas você precisa ter paciência e planejamento.
Lembre-se, é importante consultar um especialista em finanças ou um corretor de imóveis de confiança antes de tomar qualquer decisão.