Estagflação: Banco Central refuta cenário ruim para o Brasil
A diretora de assuntos internacionais e gestão de riscos corporativos do Banco Central, Fernanda Guardado, descartou a possibilidade de a entidade trabalhar com um cenário de estagflação no ano que vem. Ela disse que as projeções atuais estão pautadas nos indicadores atuais da economia, e ela não prevê uma retomada econômica da mesma forma que o mercado.
Isso porque, em um evento organizado pela Associação de Bancos no Estado do Rio de Janeiro (Aberj), ela falou que “não trabalhamos com cenário de estagflação”. Posteriormente, ela ainda falou sobre a política monetária do BC.
Estagflação está descartada mesmo?
O cenário de estagflação é um dos piores momentos que uma economia pode vivenciar. Isso porque, caracterizada pelo baixo crescimento econômico e pela alta dos preços, a estagflação é difícil de ser contornada e gera desemprego e pobreza nos países. Apesar disso, a diretora afirmou que alguns setores se destacarão no ano que vem.
Posteriormente, ela disse que o setor da agropecuária e o setor dos serviços devem crescer no ano que vem. Para ela, o cenário atual não permite afirmar que o país esteja entrando no cenário planejado, e o Banco Central trabalha com um cenário de diminuição da inflação para o ano que vem. Ela ainda afirmou que o mundo passa por previsões de crescimento, o que ajudaria o Brasil também. Segundo ela, em cenário mundial, “todas as projeções para o ano que vem são de crescimento robusto”.
Sobre a meta de inflação para o ano que vem, ela disse que o Banco Central segue trabalhando para cumprir as metas definidas. Hoje, a inflação anualizada está quase o dobro acima do topo da meta, que é de 5,25%. Apesar disso, apenas em 2021, a inflação está na casa dos 8,6%, mas economistas são unânimes em dizer que o BC não conseguiu ficar dentro da meta.
Ela disse que a política monetária do Banco é de reagir ao aumento da inflação e destacou que a independência da entidade, agora por força de lei, ajuda no processo. “Levamos a nossa missão muito a sério”, disse Fernanda Guardado.
O cenário econômico do Brasil
O atual cenário do Brasil caracteriza, de fato, uma entrada na estagflação. Apesar disso, ainda é cedo para afirmar que isso vai se realizar. Por isso, economistas são bastante cautelosos em fazer essa afirmação. Segundo dados do Boletim Focus desta terça-feira, 16, o crescimento brasileiro deve ser de 4,88% (ante 4,93% da semana passada). Contudo, caso confirmado, o crescimento real, nesses dois anos, seria de apenas 0,58%.
Com isso, o Brasil estaria apenas se recuperando do tombo, o que não mostra uma retomada em “V” sugerida na segunda-feira pelo ministro Paulo Guedes. Apesar disso, as perspectivas para 2022 ficam perto do 0%. Com a atual realidade da inflação, que parece estar mais difícil de ser controlada, pode ser que a economia não cresça como o desejado. A alta da taxa Selic colabora com isso.
Apesar disso, ainda é cedo para dizer como 2022 se comportará. Vale lembrar que no ano eleitoral a tendência é de maior gastos do governo, o que pode impulsionar o crescimento. O Auxílio Brasil é uma dessas medidas de gastos. Além disso, o mercado ainda aguarda as reformas administrativa e tributária, que, segundo estudos, tendem a gerar economia no Brasil, estimulando o crescimento.