O Ministro das Finanças da Turquia detalhou, na terça-feira, 21, um plano do país para controlar a escalada da inflação e controlar a moeda do país. Segundo o plano, revelado também por Erdogan, presidente do país, a ideia é estimular a população a guardar dinheiro na moeda local, lira, em vez de buscar moedas estrangeiras. Com isso, o país tenta conter uma crise monetária grave.
Além disso, o governo será o financiador do plano e garante qualquer desvalorização da moeda durante o processo. No país, alguns críticos afirmam que a ideia é populista e que busca acabar com a alta rejeição do atual governo.
O que está acontecendo na Turquia?
A Turquia sempre foi um país que passou por instabilidades políticas o que, inevitavelmente, reflete na economia. Contudo, a pandemia bagunçou muito as finanças do país, acelerou a alta dos preços e, em vez de subir os juros, o governo vai no ritmo oposto. Ante uma taxa de juros de 20% no início do ano, agora o governo opera a taxas de 15% ao ano. Mas a inflação não diminuiu.
Com isso, o país parece alimentar ainda mais o aumento de preços. Isso porque uma política monetária sólida exige o controle das taxas de juros e do déficit público para controlar a inflação. Contudo, a Turquia não faz nem um, nem outro. Por isso, a situação por lá começou a tomar dimensões inimagináveis, com fuga recorde de capital do país, com a população abrindo mão da lira por outras moedas mais seguras.
Apesar disso, Erdogan disse que vai cortar os juros “até o fim”, ou seja, ele não pretende mudar a sua orientação monetária. Anteriormente, o presidente demitiu três presidentes do Banco Central. Com isso, a entidade deixa de ser independente do governo por lá, diferentemente da maioria dos países do mundo.
O plano de Erdogan
Vendo o cenário desastroso do país, especialistas afirmam que o controle das taxas de juros seria o remédio perfeito para a economia, que mesmo assim demoraria alguns meses para voltar à normalidade. Contudo, na impossibilidade de o presidente adotar essas medidas, o Ministro das Finanças detalhou um plano para conter a inflação.
Por lá, o governo disse que vai conter a desvalorização da moeda frente ao dólar. Para isso, a população precisa deixar os valores em bancos estatais por, no mínimo, três meses. Dessa forma, o governo paga por possíveis prejuízos. Com isso, analistas afirmam que é uma estratégia extremamente arriscada para conter a fuga de capitais.
Isso porque, caso a lira desvalorize muito, há um aumento da dívida pública. Além disso, o governo pretende financiar o programa na própria moeda do país, o que não faz sentido. Dessa forma, o governo protegerá a lira da desvalorização emitindo mais moeda, o que por si só desvaloriza a moeda.
Vale lembrar, também, que o plano não atua na causa da desvalorização da lira. Isso porque investidores deixam de comprar a moeda por conta das políticas econômicas do governo, não por movimentos normais de mercado. Dessa forma, para que a Turquia possa voltar a ter a confiança internacional, seria necessário mudar as atitudes monetárias, não fazer um plano arriscado, afirmam economistas.
