Selic pode subir mais de 1,5 p.p. em dezembro. Entenda!

Em entrevista ao Nikkei Asia, o diretor de política monetária do Banco Central, Bruno Serra Fernandes, disse que a Selic pode subir mais que 1,5 p.p. na reunião de dezembro. A notícia, que foi em inglês, foi veiculada no portal da agência.

A entidade teme a escalada da inflação acima do esperado pelo mercado. Com isso, o aumento da Selic pode necessitar reajustes maiores que o previsto.

A inflação está acima do esperado?

Ainda não. Oficialmente. Isso porque o IPCA-15, a prévia da inflação, veio acima do esperado pelo mercado e fez a bolsa desabar. Caso o número se confirme, a Selic pode precisar de ajustes mais fortes, o que não é bom para a economia.

Apesar de ser uma prévia, historicamente os valores ficam bastante próximos. Com o aumento de 1,20% em outubro, ante 0,98% das estimativas, pode ser que o aumento dos preços não dê a trégua esperada pelo mercado. O aumento vem impactado fortemente pelo aumento na gasolina e do preço da energia elétrica, o que afeta o bolso de toda a economia.

Além disso, vale lembrar que a economia já tem perspectiva de apenas 1% de crescimento em 2022. Com uma taxa básica de juros mais altas, essas previsões seriam refeitas para baixo. Isso porque uma Selic mais alta faz com que as pessoas gastem menos e, com isso, a economia esfrie, crescendo ainda menos. O Itaú Asset acredita em um crescimento negativo no ano de 2022.

Como a alta da taxa Selic mexe com a economia brasileira?
O último ajuste da Selic foi de 1,5%. Foto: Pixabay

O último aumento da Selic

Na última reunião do COPOM, a autoridade monetária subiu a Selic de 6,25% para 7,75%, um aumento que foi muito importante para o mercado. Com os dados da inflação, naquela semana, vindo acima do esperado, o mercado especulava uma alta de até 3 pontos percentuais na taxa, o que não aconteceu.

Por isso, o IPCA, que sairá na quarta-feira, 10, é importantíssima para que o mercado comece a fazer as previsões e se adequar ao cenário. Caso a inflação fique acima do esperado e não desacelere, a bolsa tende a cair, com a frustração do mercado. Contudo, se ela vier abaixo do esperado, o Banco Central pode dar um reajuste um pouco menor que 1,5 p.p. em dezembro.

Se for necessário aumentar em mais de 1,5 ponto percentual na próxima reunião, nós precisaremos fazer isso”, afirmou o diretor ao site.

Apesar disso, a inflação não deve desacelerar. Outras estimativas usadas pelo mercado preveem a inflação acima do esperado anteriormente. Hoje, o Boletim Focus, do Banco Central mostrou que a expectativa para o IPCA subiu pela trigésima primeira (31°) semana seguida, ficando na casa dos 9,33% para esse ano. Para o ano que vem, a expectativa é de 4,63%, o décimo sexto (16°) reajuste consecutivo.

O Banco Central afirma que manterá a meta de inflação para 2022 intacta, mexendo apenas nas políticas monetárias. “Ainda estamos perseguindo o centro da meta de 2022”, disse Bruno. Do lado da Selic, o mercado já especula uma taxa de juros na casa dos 11% no ano que vem. A medida é o primeiro choque para tentar diminuir a inflação.

 

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