O caso do Facebook choca o mundo
Uma ex-funcionária do Facebook depôs para a justiça americana na última terça-feira (5) para falar sobre possíveis atos inadequados do Facebook.
Segundo Frances Haugen, a rede social desrespeita a democracia e busca viciar os usuários.
O apagão do Facebook
O apagão do Facebook veio dois dias depois de uma ex-funcionária dar uma entrevista chocante para a televisão americana.
Frances Haugen, ex gerente de produtos da rede social, acusou o Facebook de colocar os lucros acima da segurança. Segundo ela, o algoritmo da plataforma coloca na tela notícias e conteúdos que despertam “reações emocionais”, o que gera maior tempo de acesso.
Por isso, quanto mais o tempo de acesso dos usuários, mais seria a arrecadação da empresa. Para isso, o algoritmo escolheria conteúdos mais nocivos, gerando maior engajamento e, com isso, maiores lucros da empresa.
Dessa forma, para dar um exemplo bem palpável, se apoiadores do atual presidente se sustentam por um discurso antipetista, o Facebook colocará postagens que difamam o PT no feed dessas pessoas. Contudo, o contrário também é verdadeiro: grupos de esquerda tendem a ver mais conteúdos ligados às suas convicções, o que gera uma onde crescente de raiva e emoções que engajam o usuário no Facebook.
Dessa forma, a rede social manipula, através de algoritmos, o que você verá na sua plataforma, limitando a informação e levando a você apenas aquilo que você quer ver.
Disseminação do ódio
O Facebook já foi acusado e admitiu tomar medidas fracas contra a disseminação de ódio que perseguiu uma minoria Rohingya no Mianmar. Após o fato, a empresa anunciou que limitaria a disseminação de notícias inverídicas.
Além disso, a ex-funcionária foi enfática ao dizer que o Facebook é utilizado por líderes extremistas, que pregam discursos de ódio, e que a empresa está “muito ciente” disso.
Ou seja, ela acusa a empresa de ser conivente com discursos de ódio para gerar engajamento e, com isso, conseguir lucrar mais. Além disso, esse uso da plataforma para intuitos perigosos estaria colocando em xeque etnias e até países inteiros.
Apesar disso, ela diz acreditar que é possível fazer uma rede social que preze pelo bem-estar de seus usuários e que consiga mitigar a disseminação de discursos odiosos e o engajamento através das emoções negativas.
As ações
No dia do apagão, as ações do Facebook (B3: FBOK34) caíram mais de 5% nos pregões internacionais.
Contudo, ontem as ações corrigiram para cima, repondo parte das perdas. O aumento no preço ficou na casa dos 2%.
Investidores se preocupam que uma mudança de algoritmo possa influenciar na geração de receitas da empresa e gerar resultados líquidos menores. Apesar disso, o Facebook (e seu portfólio total) possui empresas que dominam a veiculação de informação no mundo.
A queda de WhatsApp e Instagram, assim como a rede social, gerou prejuízos a comerciantes e pequenos empresários, na medida em que paralisou as vendas por mais de 6 horas.
Apesar disso, o apagão mostra a dependência das pessoas com relação à plataforma, o que segundo Haugen, seria proposital.