Mário França, pré-candidato ao governo do estado de São Paulo, é alvo de buscas da Polícia Federal
O pré-candidato ao governo do estado de São Paulo, Mário França (PSB-SP), foi alvo de uma operação de busca e apreensão coordenada pela Polícia Federal nessa quarta-feira, 5. A Operação Raio-X investiga supostos desvios de verbas públicas da saúde, que teriam sido feitas através de contratos entre prefeituras e organizações sociais. Caso a PF comprove a fraude, França pode responder por crimes de formação de quadrilha, peculato e lavagem de dinheiro.
Ao todo, cerca de 34 endereços foram investigados pela Polícia Federal, todos eles ligados a Mário França. A PF ainda apura se o político tem ligação com médicos que, supostamente, chefiariam o esquema de corrupção. A ligação mais investigada é entre o ex-governador e o médico Cleudson Garcia Montali. A justiça já condenou o médico a mais de 100 anos de prisão.
A operação Raio X
A Operação Raio X busca investigar supostos crimes de desvios de verbas públicas para entidades privadas, através do fechamento de contratos pelas prefeituras. Essa é uma das modalidades mais comuns de corrupção, mas a investigação pode demorar anos. Por isso, as buscas são essenciais para encontrar, ou não, provas de relevância para os processos.
Isso porque nesse tipo de abordagem, políticos se unem a organizações sociais para roubar dinheiro através de contratos. A justificativa é que as organizações prestam serviços à prefeitura que contrata. Contudo, na hora de firmar os valores, políticos negociam valores acima do necessário para que, após a efetivação dos serviços, fiquem com o valor restante. Ou seja, se uma organização presta um serviço por R$10 mil, os políticos fecham os contratos por R$20 mil. Com isso, dividem os R$10 mil que sobram entre as organizações e seus próprios bolsos. A prática é ilegal e tem pena prevista na legislação federal.
Para se ter um comparativo, essa prática é a mesma pela qual o ex-presidente Lula é investigado. Contudo, o caso do petista é ligado a empreiteiras e empresas de alimentos, como a JBS. Mesmo que os setores sejam outros, a prática, em si, é bastante semelhante.
A busca contra Mário França
As buscas ocorreram na manhã de hoje, 5, em endereços ligados ao pré-candidato ao governo paulista, Mário França. Contudo, a operação começou em setembro de 2020, quando cumpriu 64 mandatos de prisão, sendo um deles contra o médico Cleudson Garcia Montali, condenado inicialmente a 104 anos de prisão. O médico é acusado de ser o mandante do esquema.
Segundo a Polícia Federal, os valores totais desviados da saúde somam a quantia de R$ 500 milhões. Anteriormente, em setembro, o Ministério Público de São Paulo denunciou 70 pessoas por práticas de corrupção ativa e passiva, crimes de organização criminosa, peculato, lavagem de dinheiro e fraude à licitação pública. Nesse caso, a justiça já proferiu quatro sentenças, com penas que vão de 4 a 104 anos. Apesar disso, ainda não se sabe a ligação de Mário França com o esquema, mas a PF afirma que o nome do político consta nos autos do processo.
Em sua rede social, Mário França disse que “não há outro nome para uma trapalhada, por falsas alegações, que determinadas ‘autoridades’, com ‘medo de perder as eleições’, tenham produzido os fatos ocorridos nesta manhã em minha casa“.