Lehman Brothers está de volta?
Se você lembra do ambiente político em 2008, você lembra desse nome. Lehman Brothers, um dos maiores bancos de investimentos do mundo na época, faliu e representou o ápice da crise do subprime no final da primeira década do século XXI.
Com o caso Evergrande, alguns investidores ficaram com medo de que o caso Lehman Brother estivesse de volta, mas o cenário é bem diferente.
O que foi a crise do subprime?
Basicamente, a crise do subprime, que levou o Lehman Brothers à falência, foi um investimento demasiado em títulos que tinham como lastro as hipotecas.
Apesar disso, o número de inadimplência das hipotecas crescia gradativamente, tirando toda a segurança dos investimentos.
Ou seja, bancos compravam um título em que a remuneração dele dependia das hipotecas. Se ninguém paga as hipotecas, ninguém recebe o valor dos títulos de volta.
Pense em um Fundo de Investimentos Imobiliário (FII). Se ninguém pagar o aluguel, seu provento mensal não chega. Apesar disso, você ainda pode vender as cotas. No caso dos título de hipoteca, o dinheiro simplesmente sumiu.
Por isso, grandes bancos, os maiores detentores desses títulos, tiveram sérios problemas financeiros na época. Para se ter uma ideia, Goldman Sachs e Morgan Stanley, os maiores bancos de investimentos do mundo, bateram na porta do FED (o banco central americano) para pedir dinheiro emprestado.
Por que tantas hipotecas?
No final dos anos 90, o mercado imobiliário estava bastante atrativo, com os juros baixos e com construções por todos os lados. Bancos, como o Lehman Brothers, estavam de olho nessa realidade e começaram a investir dessa maneira.
Por isso, com o passar dos anos, as hipotecas foram crescendo quase que sem controle.
Por outro lado, com os juros baixos, investidores passaram a investir em títulos mais arrojados, ainda que na renda fixa, como os títulos lastreados em hipotecas.
Segundo um relatório do The Economist, o preço médio das residências subiram 124% nos EUA entre 1997 e 2006.
Evergrande tem a ver com isso?
A resposta é um sonoro não dos gestores de investimentos. Os dois momentos, apesar de terem relação, não tem as mesmas causas, logo, não devem ter os mesmos efeitos.
Isso porque o caso do Lehman Brothers foi uma bolha generalizada no mercado americano que afetou o mundo todo. Quando o Lehman Brothers quebrou, outros bancos de investimentos quebraram junto.
Além disso, os investidores que emprestaram dinheiro ao banco ficaram sem receber, havendo uma quebra em escala na economia mundial.
No caso da Evergrande, a dívida de US$300 bilhões que provavelmente não será paga, também preocupa e pode, sim, quebrar muitas empresas, inclusivo no Brasil.
Mas o seu impacto na economia não deve ser igual ao impacto da falência do Lehman, que significou o auge da crise.
Para se ter uma ideia, durante a pandemia, o The First State Bank, da Virgínia quebrou e, apesar de ser um banco pequeno, não houve nenhuma preocupação do mercado com isso.
As magnitudes são diferentes e os impactos também devem ser. Mas ambos os casos preocuparam. Um deles deu errado.