IPCA sobe e bate recorde
O IBGE informou ao mercado, hoje, que o IPCA-15, prévia do índice de inflação do Brasil, subiu 1,14% no mês de setembro.
A alta é a maior para o mês desde 1994, na implementação do Plano Real no Brasil.
Batemos os dois dígitos
A alta de setembro do IPCA-15 fez o acumulado de dose meses atingir o patamar de 10,05%. Com isso, a inflação bate os dois dígitos e pode pressionar ainda mais a taxa de juros para cima.
Anteriormente, no mesmo mês do ano passado, o índice mensal ficou em 0,45%.
Com isso, o valor veio acima das expectativas do mercado, que giravam em torno de 1%. Com isso, uma desaceleração mais rápida da economia pode ser vista, e isso afetará diretamente o PIB do país.
Além disso, a meta do Banco Central era de 3,75%, podendo bater o teto de 5,25%. Com a atual taxa, a inflação sobe mais ainda, se afastando, pelo sexto mês seguido, do teto da inflação.
Dentre as 11 capitais estudadas, 9 delas tiveram aumento nos índices de inflação. As duas capital com uma inflação menor que no mês anterior foram Fortaleza e Goiânia, apenas.
Ela de novo
A alta da gasolina foi a principal motivadora da inflação, sendo responsável por 0,17 ponto percentual.
Isso porque a alta de 2,85% no preço do combustível afeta indiretamente toda a economia, pois atua no frete dos produtos e na locomoção dos transportes público e privado.
Além disso, a alta nos outros setores impactou:
- Alimentação – 1,27%
- Habitação – 1,55%
- Artigos de residência – 1,23%
- Vestuário – 0,54%
- Transportes – 2,22%
- Saúde – 0,33%
- Despesas pessoais – 0,48%
- Educação – (-0,01%)
- Comunicação – 0,02%
O discurso
Enquanto a inflação bate recordes, o presidente Jair Bolsonaro faz um discurso defensivo.
Para ele, a alta dos preços é de responsabilidade dos governadoras e prefeitos, que através do “movimento do fica em casa”, como Bolsonaro diz, pressionaram a economia à insustentabilidade.
Apesar disso, a inflação começou a sua subida mais radical após fevereiro de 2021, quando as medidas de isolamento social e controle da pandemia começaram a ficar menos rígidas.
De certa forma, uma retomada da economia poderia explicar o índice alto, porém a alta do dólar, a crise hídrica e a consequência de ambas são responsáveis pela maior parte da subida dos preços.
Vai piorar?
A tendência é que a inflação diminua seu ritmo de aumento a partir do próximo mê, segundo o Ministro da Economia, Paulo Guedes.
Apesar disso, medidas como os precatórios, a crise hídrica e a falta de confiança dos investidores no Brasil parecem não querer colaborar com o bolso do brasileiro.
Portanto, o mercado já trabalha para reajustar suas expectativas de inflação. Segundo o Boletim Focus, do Banco Central, a expectativa de inflação do mercado ficava em torno de 8,35% no dia 20 de setembro. Quatro semanas antes do último boletim, a expectativa era de 7,11%.
Por isso, o Banco Central do Brasil também pode ser obrigado a esticar mais ainda a taxa Selic. Quarta-feira, ao anunciar a nova taxa Selic, a entidade afirmou que deve subir mais um ponto percentual em outubro.
A medida vem de acordo com o que o mercado acredita ser necessário para baixar a subida dos preços.