Investimentos no turismo: manter distância ou investir?
Durante o ano de 2020, todos os noticiários publicaram sobre a vertiginosa queda das ações, com foco especial nos investimentos ligados ao setor do turismo.
Apesar do ano incomum, algumas características do setor são alvo de polêmicas dentro do mundo dos investimentos, deixando alguns investidores de fora desses ativos, enquanto outros investidores entram bastante confiantes nos papéis.
Antes de mais nada, é importante ressaltar que não existe um certo e um errado nos investimentos.
A pandemia
Com o fechamento das fronteiras, suspensão de voos e a queda de todas as atividades econômicas, as empresas de viagens ficaram de mãos atadas.
Durante todo o ano, as notícias mexeram o preço dos ativos de forma irracional, acentuando subidas e quedas. Principalmente durante o mês de março, quando a Organização Mundial da Saúde declarou, oficialmente, a existência de uma pandemia,
ativos como AZUL4, GOLL4 e CVCB3 tiveram queda diária na casa dos 30% sem, no entanto, apresentarem quaisquer modificações institucionais, prejuízos líquidos ou quaisquer informativos que tenham, de fato, afetado as empresas.
Essa projeção antecipada do mercado mostrou oportunidades para operações curtas (de alto risco), apesar de o ideal ser, sempre, investir para o longo prazo.
O que afeta o setor
Para analisar a viabilidade do investimento para o longo prazo, é importante saber os principais fatores que afetam os resultados das empresas.
Separamos por tópicos para facilitar sua compreensão.
Câmbio
Esse é o principal fator que impulsiona ou retrai o setor de turismo.
A explicação é bastante simples: quando o dólar está alto, é normal que o número de viagens internacionais caia e o número de viagens nacionais aumente.
Por causa do alto valor do câmbio, é necessário um maior valor, em reais, para realizar uma viagem para Londres, Nova Iorque ou Lisboa, digamos. Então, por isso, as
famílias tendem a escolher destinos dentro do próprio Brasil para passar as férias.
Por mais que a diminuição das viagens internacionais seja compensada com o turismo
interno, para as empresas isso afeta diretamente a receita. Isso, porque as viagens internacionais, por serem, normalmente, mais caras, têm maior margem de lucro e, ainda, tendem a durar mais tempo.
No caso das companhias aéreas, o valor é apenas diminuído, dado que essas empresas não ganham com a hospedagem dos viajantes.
Além disso, é importante ressaltar que as empresas de aviação sofrem um outro impacto do aumento do dólar: o aumento do preço dos combustíveis.
Vale lembrar que a precificação do querosene de aviação segue um modelo baseado no dólar, adotado pela Petrobrás em 2017.
Por isso, quando há uma alta do câmbio, as passagens aéreas tendem a aumentar de preço, resultando em uma queda de demanda e, claro, uma queda nos lucros do setor.
Poder de compra do salário
Além do fator câmbio, o poder de compra dos salários dos consumidores afeta – e muito – a economia em geral.
Se os gastos com produtos essenciais caem, imagina os gastos com viagens! O poder de compra do salário é tão importante que, dependendo da métrica, toda a economia pode entrar em colapso.
Para dar um exemplo palpável: nos anos de 2015 e 2016, quando o Brasil teve
quedas no Produto Interno Bruto (-3,55 e –3,31, respectivamente), o poder de compra do salário mínimo sofreu duas quedas, se atrelarmos o poder de compra do salário mínimo sobre cestas básicas.
Nesse caso, o poder de compra afeta os gastos dos indivíduos e isso acarreta, em última
instância, um prejuízo generalizado, principalmente nos setores de serviços adicionais.
Por isso, o investidor deve se atentar a esse dado com muito cuidado para saber como funciona o ciclo econômico nessas épocas e de como as ações se comportam em momentos de queda de poder de compra e em momentos de aumento desse fator.
Incentivos e medidas políticas ligadas ao setor
Apesar de muitos investidores iniciantes não saberem, as políticas do Governo Federal são de fundamental importância para a manutenção da economia e, claro, das empresas privadas também.
Falando especificamente do setor do turismo, o Governo Federal se apresentou ao mercado, recentemente, através de um projeto de privatização em massa de aeroportos.
Apesar da vacinação em bons níveis, as empresas recém sairam da fase de contensão de gastos, onde demitiram funcionários. Agora, os projetos de expansão parecem estar voltando, com as recentes notícias.
O cenário econômico, incentivado pelo Governo ou não, é sempre uma boa métrica para você saber se deve, ou não, entrar comprado nesses ativos.
Além de todos esses fatores citados acima, o investidor nunca pode se esquecer de analisar os números das empresas.
Dentre os mais diversos setores da bolsa, talvez o turismo seja o que mais sofre a
influência do cenário econômico.