Importação de energia elétrica subiu 63%
Um relatório do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio Exterior e Serviço (Mdic) afirma que a importação de energia elétrica subiu 63% no Brasil no período de um ano. Com a crise hídrica nos reservatórios, o Brasil precisou aumentar os preços das tarifas e buscar fontes externas de energia elétrica.
Nessa semana, a ANEEL definirá as novas tarifas para a conta de luz dos consumidores.
A crise hídrica
Com a falta de chuvas, a crise no abastecimento de energia começou ainda no meio do ano. Contudo, o Governo Federal começou a atuar no assunto apenas quando era tarde demais, segundo especialistas. Com isso, o Brasil tem a tarifa de energia mais cara dos últimos anos.
Dessa forma, a conta de luz já subiu mais de 20% no ano, o que não impacta apenas as contas de luz das casas, mas os preços de todos os produtos que dependem da energia para serem produzidos. Além disso, o reajuste é maior em supermercados, que precisam manter a refrigeração dos alimentos nas prateleiras.
Junto com a gasolina, a energia elétrica é um dos fatores que mais impacta no IPCA. Com isso, a inflação já passa dos 10% nos últimos 12 meses, e está acima de 8% desde janeiro de 2021. A inflação em 12 meses é a maior desde 2016, quando a inflação bateu quase os 11% no cenário de impeachment de Dilma Rousseff.
Nesses momentos, vale lembrar que algumas pessoas têm desconto na conta de luz. São pessoas que estão cadastradas no CadÚnico com renda familiar de até meio salário mínimo por pessoa. Além disso, idosos, ou pessoas com deficiência, que recebem o Benefício de Prestação Continuada (BPC).
O aumento na importação de energia elétrica
O aumento na importação da energia elétrica vem justamente da dificuldade de abastecimento interno. Mesmo com alguns sistemas de compensação ativados, como usinas termelétricas, o país não consegue ser autossuficiente em energia hoje. Por isso, alguns países começam a vender energia para cá.
É o caso do Uruguai e da Argentina. Os países vizinhos tiveram aumento na demanda de energia, em contraste com a diminuição da importação do Paraguai, que divide Itaipú com o Brasil. Apesar disso, a perspectiva de mais chuvas, com a chegada no verão, faz com que a importações comecem a diminuir nos próximos meses. Isso ajuda, porque a importação vem em dólar, que também está bastante alto. Com isso, é esperado que as contas de luz comecem a diminuir já no ano que vem.
Os dados do Ministério mostram que o Brasil desembolsou US$2 bilhões para importar energia, valor mais alto para o período de janeiro a outubro, comparando com 2020. A tendência vista nos anos anteriores era de diminuição da importação de energia elétrica, o que demonstra uma maior autossuficiência do país. Contudo, o cenário mudou.
De certa forma, o dado preocupa à medida que a capacidade de produção do Brasil diminui. Ainda, a dependência do ciclo de chuvas preocupa. Segundo especialistas, o Brasil tem estrutura para diversificar ainda mais a sua matriz energética, utilizando biocombustível, energia solar e até o hidrogênio verde.