Enem: funcionários alegam pressão para mudar questões

Na semana passada, diversos servidores públicos do INEP pediram demissão após afirmarem que sofriam pressão psicológica e era vigiados na hora de formular questões para o ENEM 2021. Isso porque, segundo eles, os superiores monitoravam se eles fariam questões polêmicas, em desacordo com o posicionamento do governo.

Com isso, 37 funcionários pediram demissão. Após o acontecimento, Bolsonaro afirmou que o exame “começa a ter a cara do governo“.

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O Exame Nacional do Ensino Médio, que será realizado nesse final de semana, terá uma pitada a mais para os candidatos: a incerteza sobre as questões. Isso porque na semana passada mais uma grande crise no INEP se instaurou. Segundo Bolsonaro, antes de seu governo, os mandatos usavam o exame para impor questões ideológicas.

O Ministro da Educação foi chamado para prestar esclarecimentos. Ao ser questionado sobre a fala de Bolsonaro, onde disse que o exame terá a cara do governo, Milton Ribeiro disse que o presidente disse “no sentido de competência, honestidade e seriedade”. “Não temos nenhum ministro preso, nenhum caso de corrupção. Isso é importante“, ele também disse, acusando, diretamente, os governos anteriores.

Em viagem para o Oriente Médio, Bolsonaro criticou, em Doha, o nível das questões da prova. Segundo ele, a prova utiliza de “ativismo político” para manipular os pensamentos políticos dos jovens. “Olha o padrão do Enem do Brasil. Pelo amor de Deus! Aquilo mede algum conhecimento, ou é ativismo político? Ou é ativismo também na questão comportamental. Não precisa disso“. Posteriormente, ele ainda usou termos como “questões esquisitas” para caracterizar a prova.

Ainda em entrevista, Bolsonaro negou que tenha acesso à prova e que tenha visto as questões do exame. Por outro lado, o presidente do INEP, Danilo Dupas, afirmou que não houve interferência da entidade sobre a formulação das questões do ENEM. Além disso, o próprio Ministro da Educação afirmou que não teve acesso também. “Até por ordem de hierarquia, não posso achar que é anormal o ministro da Educação ter acesso à prova, mas abri mão disso“. A prova acontece nos dias 21 e 28 deste mês.

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Foto: Divulgação

Preocupação

Com esse cenário, estudantes ficam ainda mais preocupados com a realização da prova e se ela seguirá o mesmo conteúdo metodológico dos anos anteriores. Além disso, a pandemia precarizou o ensino, o que deve baixar as notas médias do exame.

Contudo, para uma questão política, analistas veem no fato mais uma amostra de que o governo busca se intrometer nas questões onde, tradicionalmente, não tem atuação. Além disso, na área da educação, vale lembrar que Bolsonaro nomeou Carlos André Bulhões Mendes, atual reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, mesmo com uma votação inexpressiva para ele nas eleições da reitora da universidade. Apesar disso, na época, Carlos ficou em último lugar, com menos de 10% dos votos.

 

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