Dólar começa essa sexta cotado a R$ 5,22 após carta de Bolsonaro
O dólar opera em queda nesta sexta-feira (10), ao final de uma semana de fortes turbulências no mercado financeiro diante dos atos democráticos de 7 de Setembro, das falas golpistas do presidente Jair Bolsonaro – e da carta de ‘pacificação’ publicada por ele.
Às 9h53, a moeda norte-americana era vendida a R$ 5,2210, em queda de 0,04%.
Na quinta-feira, o dólar fechou em queda de 1,96%, a R$ 5,2233. Com o resultado, o dólar acumula alta de 1,04% no mês. No ano, o avanço é de 0,70% ante o real.
Cenário político causa essas mudanças no dólar
Os investidores seguem monitorando nesta sexta-feira o movimento de caminhoneiros e protestos em estradas pelo país pelo segundo dia consecutivo em apoio ao governo e contra ministros do STF. Na agenda de indicadores, o IBGE divulgou mais cedo que as vendas do comércio cresceram 1,2% em julho.
O presidente Jair Bolsonaro divulgou na quinta-feira um texto intitulado “Declaração à Nação” no qual afirma que nunca teve “intenção de agredir quaisquer dos poderes”. Segundo o texto, “as pessoas que exercem o poder, não têm o direito de ‘esticar a corda’, a ponto de prejudicar a vida dos brasileiros e sua economia”.
A divulgação da declaração foi um conselho a Bolsonaro do ex-presidente Michel Temer.
Uma venda generalizada de ativos brasileiros dominou o mercado doméstico na quarta-feira e cobrou seu preço na taxa de câmbio, conforme investidores estrangeiros e locais se desfizeram de posições em meio a temores de acirramento da crise institucional doméstica e de seus potenciais desdobramentos sobre as contas públicas e o crescimento econômico.
Protestos contra e a favor do governo do presidente Jair Bolsonaro marcaram o feriado da Independência no Brasil.
Os atos aconteceram em meio a embates do presidente com o Supremo Tribunal Federal (STF), e em um contexto de queda na popularidade e nas avaliações sobre a administração Bolsonaro – e de uma acentuada crise econômica.
Durante os atos, o presidente fez ameaças golpistas, ao atacar o sistema eleitoral brasileiro, integrantes do STF e governadores e prefeitos que tomaram medidas de combate ao coronavírus.
Bolsonaro dirigiu os principais ataques ao ministro do STF Alexandre de Moraes – e afirmou que não irá cumprir decisões dele.
As ameaças de Bolsonaro foram repudiadas por governadores e parlamentares, com aumento de apoio a um possível impeachment do presidente.
Em resposta aos ataques de Bolsonaro, o ministro Luiz Fux, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que “ninguém fechará” a Corte e que o desprezo a decisões judiciais por parte de chefe de qualquer poder configura crime de responsabilidade.