Crise energética da China pode afetar países emergentes
A crise energética na China está afetando o mundo todo, em especial os países emergentes. Isso porque o país é o motor de crescimento do mundo, com grande demanda de commoditties, que vêm majoritariamente de países em desenvolvimento.
Dentre esses países, o Brasil está incluso e também está preocupado.
Relação China-Brasil
A China é a maior parceira comercial do Brasil e tem grande influência na exportação de produtos primários, como carne, minério de ferro e outros produtos. Por isso, uma menor demanda no país asiático afeta diretamente a economia daqui.
Os valores trocados entre Brasil e China são relevantes. No cenário exportador do Brasil, a China representa US$47,2 bilhões nos primeiros seis meses desse ano. Para se ter uma ideia, a segunda colocada, a União Europeia, somou US$17,8 bilhões e o terceiro colocado, os EUA, somaram US$13,3 bilhões. As exportações do Brasil somaram US$88,4 bilhões. Ou seja, a China é responsável por quase 50% das exportações do Brasil.
Assim, se o país asiático começa a diminuir as demandas, o Brasil começa a vender menos para lá. E isso preocupa, porque as exportações geram empregos e, sem elas, o desemprego pode aumentar ainda mais. A crise mais recente é a de exportação de minério de ferro.
O caso Evergrande
A segunda maior incorporadora da China está à beira da falência e pode representar um choque forte para o Brasil. A exportação de minério de ferro e derivados é importante para a manutenção do saldo saudável na balança comercial brasileira.
Nas últimas projeções, a secretaria do comércio exterior (Secex) estimou que a balança comercial do Brasil ficará positiva em US$105,3 bilhões no final do ano. Isso mostra que temos certa folga para diminuir as exportações, mas os impactos da crise energética podem ser maiores que esse valor.
Por isso, a crise da Evergrande também afetará a demanda chinesa por minério de ferro, na medida em que o setor de construção civil ficará altamente afetado por lá. Além do Brasil, os maiores afetados devem ser os países emergentes, porque esses países têm maior tendência de exportar matérias primas. Com a indústria internacional transformando as matérias primas em produtos mais sofisticados, se a demanda cai, cai também a possibilidade de importação.
Por isso, em última análise, o abastecimento de produtos, como eletrônicos, pode ficar afetado, mas não há nada previsto para isso ainda. Contudo, o crescimento da China está projetado para 5% de julho a setembro. Com isso, a crise de energia, que encarece os produtos da indústria, pode diminuir a produção por lá e arrefecer o comércio internacional.
As empresas mais afetadas da bolsa
Na bolsa de valores do Brasil, a possível queda de demanda da China afeta algumas empresas específicas. No setor da indústria pesada, as principais preocupações pesam sobre 4 empresas principais.
A maior delas é a Vale, que exporta grande parte do minério do Brasil. Além disso, Gerdau, Siderúrgica Nacional e Usiminas podem sofrer grande impactos dessa falta de vendas. Por isso, os resultados podem vir piores em dezembro, caso a demanda caia de fato.