Constelação: Explorando as ondas musicais do rádio em um emocionante passeio aéreo

O hino da cidade do Rio de Janeiro é chamado “Cidade Maravilhosa”, uma marcha composta por André Filho e arranjada por Silva Sobreira para o Carnaval de 1935. Esse adjetivo para a cidade foi dado pelo escritor maranhense Coelho Neto em razão das belezas naturais desse lugar que parece ter sido escolhido por Deus para ser o mais belo entre todos. Na década de 1960, a marchinha de André Filho foi “oficializada” como hino. Se o Rio é bonito de se ver hoje, imagine em 1955. Mas por que 1955?

É que no dia 2 de agosto daquele ano, ou seja, 60 anos atrás, o mundo se tornava menor para os cariocas. Naquela data a Varig, maior companhia aérea brasileira, inaugurava uma nova rota entre Rio e Nova York utilizando sua nova aquisição, o avião Super Constellation G, a aeronave mais moderna entre todas já construídas até então. Antes do Constellation, uma viagem entre o continente sul americano e os Estados Unidos consumia 72 horas e diversas escalas. Com a nova aeronave o tempo de viagem caia para 20 horas com escalas em Belém, Trinidad – Tobago, República Dominicana para finalizar na “Big Apple”.

Essa parte da história da aviação comercial virou tema de um espetáculo musical de teatro em cartaz em São Paulo cujo nome é Constellation – Uma viagem musical aos anos 50. Escrita por Cláudio Magnavita, a peça é ambientada no bairro de Copacabana, em 1955.

Era uma fase em que o Rio, ainda capital da República, permanecia sendo uma cidade encantadora de belezas naturais que maravilhava os olhos de celebridades internacionais. O ator Jarbas Home de Mello – diretor do espetáculo -informa que o enredo retrata uma viagem de avião de uma garota de 20 anos que ganha um concurso da Rádio Nacional para o voo inaugural do Super Constellation G. O cenário remonta a imaginação para o bairro de Copacabana onde essa moça reside com a mãe e uma tia e tem um noivo tenente da Marinha. “O conflito da história está no fato dessa moça fazer uma viagem para Nova York e abrir seus olhos para o mundo, em plenos anos 50, ou optar apenas por um futuro marido”, explica o diretor, enfatizando que canções de sucesso naqueles anos dourados foram integradas à peça e interpretadas pelos próprios atores de acordo com a situação e os acontecimentos.

O avião fabricado pela Loockheed, o Super Constellation G, deu início às viagens de luxo da Varig. “Os avanços técnicos que possibilitaram encurtar a duração de uma viagem entre o Rio e Nova York foram os quatro motores de 18 cilindros cada um e injeção mecânica de combustível, além de uma potência de 3.400 cavalos, a maior obtida em motores a pistão” conta o comandante Antonio Carlos Volpin, um antigo piloto da Varig, ressaltando que o Constellation era uma aeronave com muitos requintes a bordo como espaçosas mesas que permitiam jogar cartas durante a viagem. Foi também o primeiro avião com largas poltronas reclináveis na “first class” e em alguns casos até com cabines privativas por encomenda, lembra o comandante Volpin, acrescentando que um cozinheiro especialmente contratado preparava os pratos em terra para serem servidos aos passageiros durante o voo com aquecimento em forno elétrico. Em preços atuais uma passagem Rio – Nova York no Constellation custaria em torno de R$ 9 mil.

Hoje uma viagem de avião nesse mesmo trajeto leva apenas 8 horas. Durante a peça Constellation – Uma viagem musical aos anos 50, a personagem principal, Regina Lúcia, que decide pela viagem, embarca ao lado de Jorginho Guinle, famoso socialite e playboy daquela época.

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