Consignado do Auxílio Brasil: Entenda as críticas a nova modalidade

O crédito consignado do Auxílio Brasil foi aprovado recentemente pelo Congresso Nacional. No entanto, desde a sua liberação, analistas e economistas criticam a nova modalidade defendida pelo Governo Federal.

Entre as queixas concernentes ao empréstimo consignado, os especialistas questionam o público-alvo do serviço: as pessoas de baixa renda em situação de vulnerabilidade que recebem ajuda monetária do Ministério da Cidadania.

Eles afirmam que oferecer opções de crédito para esse grupo pode gerar ainda mais necessidades, uma vez que as parcelas da dívida serão descontadas automaticamente do benefício do cidadão contemplado.

Outro fator que preocupa os profissionais é falta de definição de um teto para a cobrança de juros. Conforme a regulamentação, as instituições financeiras podem cobrar alíquotas abusivas. A depender do caso, o beneficiário pode chegar a pagar o dobro ao banco.

Os bancos que passaram a oferecer a contratação do consignado recentemente, já estão sendo fortemente criticados pelas altas taxas de juros. Em razão disso, o Governo Federal se reuniu com a Febraban (Federação Brasileira de Bancos) a fim de negociar taxas melhores.

Os beneficiários podem comprometer até 40% do seu benefício mensal. Logo, o empréstimo terá valor máximo de R$ 160, considerando a taxa fixa do programa de transferência de renda, que é R$ 400. Os pagamentos de R$ 600 são temporários e seguirão até dezembro deste ano.

Os interessados em contatar o empréstimo também devem se atentar a possibilidade de o benefício ser cancelado. Isso porque, caso o pagamento do abono seja suspendido, a cobrança continuará independente do vínculo com o Auxílio Brasil.

Contudo, em resumo as críticas dos analistas, o empréstimo consignado do Auxílio Brasil pode acabar endividando ainda mais as famílias brasileiras. A inadimplência já atinge mais de 66 milhões de brasileiros, atualmente.

 

Grandes bancos não oferecerão o consignado do Auxílio Brasil

O Bradesco, Itaú, Santander, Nubank e BMG são algumas das instituições financeiras que não irão oferecer o crédito consignado. A negativa acontece, principalmente, após o governo anunciar que a medida não possui um limite referente a taxa de juros a ser cobrada.

O presidente do Bradesco, Octavio de Lazari Júnior, esclareceu que o banco não pretende oferecer a modalidade de crédito uma vez que a operação conta com altas taxas de juros (sem teto estabelecido).

“Não se trata de uma aposentadoria ou pensão, mas um benefício a pessoas que estão em dificuldades. Portanto, o Bradesco não vai operar nessa carteira. Estamos falando de pessoas vulneráveis. Em vez de ser uma boa operação para o banco e para o cliente, entendemos que a pessoa terá mais dificuldade quando o benefício cessar”, disse.

Já os demais bancos privados, como o Itaú, Santander, Nubank, BMG e Inter, afirmaram não ter perspectivas de trabalhar com o consignado do Auxílio Brasil. Eles ainda ressaltam que não irão disponibilizar o empréstimo, assim como o Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil (Sicoob).

De acordo com o coordenador do Centro de Estudos em Microfinanças e Inclusão Financeira da FGV, Lauro Gonzalez, as instituições financeiras não querem arriscar ter uma garantia representativamente baixa para oferecer o empréstimo para a população pobre ou extremamente pobre.

O especialista destaca que a atitude convergiria com às práticas ESG (meio ambiente, social e governança na sigla em inglês).

“As instituições que de fato estejam investindo em políticas ESG vão se questionar muito se entram ou não nesse mercado e, provavelmente, não vão entrar porque parece que há quase um consenso sobre, digamos assim, a ruindade dessa medida.”

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