Bolsonaro decide depor presencialmente em caso da PF
O inquérito no STF de uma suposta interferência política de Bolsonaro no comando da Polícia Federal teve mais um capítulo na tarde dessa quarta-feira, 6.
Apesar disso, ainda não se tem data definida para o depoimento do presidente.
Relembre o caso
Em abril de 2020, o então ministro da Justiça, Sérgio Moro, pediu demissão e, em entrevista coletiva, acusou o governo Bolsonaro de pressionar a troca de comando da Polícia Federal.
Segundo Moro, o presidente buscou essa solução como meio de proteger amigos e familiares de processos na justiça que têm diversas acusações. Entre os casos mais famosos está a suposta rachadinha na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Apesar disso, nenhum dos processos foi finalizado e ninguém foi culpado ainda.
O ex-ministro era considerado, ao lado de Paulo Guedes, chefe um “superministério”. De fato, a aliança entre Bolsonaro e Sérgio Moro levou a um maior apoio do presidente pela população e ajudou nas falas de combate à corrupção.
Apesar disso, Moro disse que o atual governo ficou nas palavras, e que pouco fez para acabar com a corrupção nos cargos públicos. Na época, Moro usou as acusações contra a família do presidente para justificar a situação.
O que aconteceu hoje
Um pedido da Advocacia Geral da União (AGU), solicitou que Bolsonaro possa depor presencialmente na investigação. Segundo fontes, isso vem de uma decisão do próprio presidente.
Para isso, porém, a AGU solicitou que Bolsonaro possa escolher a data, o local e o horário do depoimento. Isso porque o presidente não é obrigado a falar, devido ao cargo que ocupa. Por isso, agora o STF julgará se procede um recurso anterior onde Bolsonaro pediu para depor por escrito.
No caso, a investigação já ouviu várias testemunhas, mas as falas do presidente são, de fato, as mais decisivas. Isso porque uma acusação contra ele poderia vir de um suposto jogo político de Moro, que parece ter sumido do cenário nacional ao se mudar para os Estados Unidos.
Hoje, Moro é muito criticado porque, além de ter ido contra Bolsonaro, passou a defender a Odebrecht, empreiteira que ele acusou na Operação Lava Jato, que investigou desvios bilionários de dinheiro público.
Na ocasião, Moro foi responsável pela condenação e prisão de diversos políticos ligados aos ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff, governos que estão intimamente ligados com os maiores escândalos de corrupção do Brasil.
Ainda na questão da Lava Jato, o STF retirou as condenações de Lula. Isso não quer dizer que ele é inocente, mas na prática a decisão inviabiliza fortemente uma condenação por corrupção e lavagem de dinheiro do ex-presidente petista.
No mesmo processo, a investigação apura se Sérgio Moro prevaricou. Dessa forma, num cenário ideal, alguém sairá julgado: ou Moro, ou Bolsonaro.
Apesar disso, o processo anda a ritmos lentos e parece não ter muito peso na discussão política do momento. Por outro lado, trata-se de mais uma investigação contra Bolsonaro e sua família, o que gera uma desconfiança política do mercado financeiro em relação ao Brasil.