Bolsonaro será ouvido em até 30 dias sobre suposta interferência na PF
O caso da suposta interferência de Bolsonaro da Polícia Federal deve ter um mais um desfecho em até 30 dias. Isso porque, nesta quinta-feira (07), o ministro do STF, Alexandre de Moraes, determinou que a investigação ouça o presidente até o início do próximo mês.
O processo, que começou com denúncias do ex-ministro Sérgio Moro, está andando de forma lenta e abaixo do que o país precisa.
Um gesto de trégua
Bolsonaro decidiu depor presencialmente para sinalizar uma trégua no embate entre Executivo e Judiciário. Isso porque ele não é obrigado a falar com a investigação.
Após as manifestações de 7 de setembro, onde o presidente levantou a voz contra os ministros Alexandre de Moraes e Luis Roberto Barroso, o clima entre os poderes ficou pesado. Dias depois, Bolsonaro afirmou que falou as coisas “no calor do momento” e baixou o tom em uma carta – escrita por Temer -, onde afirma que não tem pretensões antidemocráticas.
Nessa semana, mais um sinal de trégua: a escolha de ir presencialmente dar esclarecimentos sobre uma suposta interferência dele no comando da Polícia Federal. Segundo nota, o presidente tomou a medida “no intuito da plena colaboração com a jurisdição dessa Suprema Corte”.
Com isso, analistas veem uma queda de animosidade entre os poderes, que buscam trabalhar de forma mais harmoniosa. Talvez por causa do momento da economia, talvez por alguma estratégia política para 2022.
Retrospectiva
A justiça iniciou o caso quando Sérgio Moro, ex-ministro da Justiça, pediu demissão e disse que Bolsonaro estaria pressionando para trocar o comando da PF. Segundo o ex-juiz, a troca seria para acalmar interesses pessoais.
Isso porque a justiça investiga a família do presidente por alguns casos de suposta corrupção, sendo o mais famoso o caso da rachadinha na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Apesar disso, as investigações, da mesma forma que ocorreram contra Lula, andam abaixo do necessário, pois a sociedade demanda repostas.
Dessa forma, a lentidão da justiça brasileira segue evidente em casos de relevância nacional, o que levanta discussão para a duração de casos de cidadãos comuns. Apesar disso, o STF solicitou o depoimento em até 30 dias.
A aproximação entre Bolsonaro e Moro foi benéfica na campanha eleitoral do presidente. Com um forte discurso antipetista, a junção entre o presidente, oposição, e Moro, juiz que julgou e condenou Lula, formou uma aliança contra a corrupção que, nas expectativas, acabaria com a corrupção no país.
Apesar disso, Moro afirma que Bolsonaro ficou no campo das palavras e que, na prática, pouco fez para combater as ilegalidades no âmbito público. Contudo, com as denúncias, Moro abriu margem para ser investigado também. Isso porque se o ex-ministro sabia de ilegalidades no governo e não buscou a polícia para denunciar, ele comete, automaticamente, o crime de prevaricação.
Dessa forma, no cenário ideal, ou Bolsonaro ou Moro, sai culpado. Apesar disso, a retrospectiva da política brasileira não parece ajudar na percepção de que uma das alternativas ocorrerá de fato.