Bolsonaro pede nomes da ANVISA e servidores rebatem
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) aprovou a imunização de crianças a partir dos 5 anos com a vacina da Pfizer. A medida, que tem a análise e o aval do corpo técnico da instituição, passa a valer assim que o ministério da Saúde comprar as doses do imunizante. Isso porque as doses para as crianças são diferentes das doses para os adultos. Contudo, o presidente Jair Bolsonaro afirmou em sua live que solicitou, informalmente, os nomes dos responsáveis pela aprovação.
Além disso, Bolsonaro afirmou que é responsabilidade dos pais saber se vão, ou não, vacinar seus filhos. Ele a esposa, Michelle Bolsonaro, decidirão se imunizarão sua filha de 11 anos, segundo falas do presidente. Apesar disso, funcionários da ANVISA receberam a declaração em tom de ameaça, o que gerou revoltas na autarquia.
Ameaçou a ANVISA?
A Univisa, associação dos servidores da ANVISA, informou em nota que repudia o que chamou de “tentativas de intimidação ao corpo técnico” da autarquia. As falas do presidente não foram de bom tom, segundo a nota. Vale lembrar que a ANVISA independente do Governo Federal e tem autonomia em relação às suas atitudes.
A fala de Bolsonaro vem um dia após a instituição aprovar a imunização de crianças de 5 a 11 com doses da Pfizer. Contudo, a ANVISA afirmou que o imunizante é diferente e devidamente adequado para a faixa etária. Desde o início da pandemia, Bolsonaro jamais incentivou a imunização. Apesar disso, mais de 66% dos brasileiros já tem imunização completa.
Em discurso, durante sua live, Bolsonaro ressaltou a nota de duas páginas emitida pela ANVISA. Nela, o presidente destacou trecho onde a entidade afirma que, em caso de sintomas específicos, os pais devem levar as crianças ao médico. Contudo, Bolsonaro deixou de fora trechos importantes, principalmente aqueles onde a ANVISA explica as diferenças entre os imunizantes. “Eu pedi extraoficialmente o nome das pessoas que aprovaram a vacina para 5 a 11 anos. Nós queremos divulgar o nome dessas pessoas“, disse o presidente.
Bolsonaro e a vacina
Desde o início do processo de imunização, Bolsonaro colocou em xeque a confiança da população em relação à vacina. Com um processo que iniciou de forma tardia, em comparação a economias semelhantes, o Brasil, apesar disso, tem uma das vacinações mais avançadas do mundo. Contudo, Bolsonaro não se imunizou.
Isso porque Bolsonaro e a ala governista acreditam que a vacina causa efeitos colaterais e que tem uma eficácia baixa, diferentemente do que falam as farmacêuticas. Além disso, a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, foi imunizada nos Estados Unidos, quando em viagem para a Assembleia-Geral da ONU.
O governo ainda é investigado em uma possível participação em um estudo manipulado da Prevent Senior. Segundo a Polícia Federal, o estudo foi comprado. Apesar disso, os resultados, que indicavam sucesso do “kit covid”, foram comemorados na conta oficial de Bolsonaro. Ainda, a oposição tem diversos processos de impeachment abertos na Câmara ligados à gestão da pandemia.