Banco Central não mexerá na meta de inflação
Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, deu uma entrevista ao jornal Valor Econômico nessa segunda-feira, 4.
Na ocasião, Campos disse que o BC não mudará a meta de inflação e não temerá aumentar a taxa Selic.
Como funciona a economia
A política monetária feita pelo Banco Central busca conter a inflação ao mesmo tempo em que produz empregos. Para isso, a taxa de juros é essencial.
Com a atual Selic, os economistas começam a questionar se a meta da inflação será alcançada e a grande maioria acredita que não. A inflação deve ficar acima do teto. O teto estipulado para o ano de 2021 é de 5,25%. A atual taxa beira os 10%, ou seja, praticamente o dobro.
Para isso, o Banco Central ajusta a taxa Selic para cima quando a inflação está alta. Do contrário, também é vista uma queda na Selic com inflações menores, para acelerar a economia.
A atual taxa Selic a 6,25% desacelerou a economia fortemente e colocou para baixo as previsões do PIB para 2021 e 2022. Com isso, uma Selic na casa dos 10% no fim do ano jogaria a economia para baixo de modo mais forte, contendo a inflação com menor atividade econômica no país. Isso, para alguns economistas é arriscado.
Segundo o Boletim Focus dessa segunda-feira, 4, as previsões para o IPCA subiu para 8,51%. Anteriormente estava em 8,45%. Mais um aumento semanal.
O que disse Campos
Contudo, Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, diz que o topo da inflação deve bater o patamar máximo em setembro e depois deve começar sua pernada de queda, em consonância com o que disse Paulo Guedes, ministro da economia.
Por isso, ele afirma que a entidade não vai aumentar o teto da inflação nem hesitará no aumento da taxa Selic. Segundo ele, “a Selic vai subir quanto for necessário”. Além disso, para ele uma mudança nos patamares da inflação afetam a credibilidade da economia brasileira, que já está comprometida.
Por outro lado, os economistas que se preocupam com taxas de juros exorbitantes alegam que uma Selic com dois dígitos podem sufocar a economia para baixo de modo que o PIB fique negativo para 2022.
Isso demonstra que a economia brasileira sofre uma encruzilhada difícil de ser resolvida, como falamos nesse texto no dia 1º de setembro. Por isso, é necessário que o governo tenha mais criatividade para o próximo ano.
Para isso, as propostas no Legislativo são essenciais. Dessa forma, uma reforma do IR e a questão dos precatórios se tornam urgentes para impulsionar a economia brasileira. Na primeira forma, uma tributação dos dividendos pode aumentar a arrecadação e, com isso, o aumento dos gastos do governo podem colocar dinheiro na rua e auxiliar as famílias de menor renda.
Contudo, no caso dos precatórios, um meio de pagamento mais saudável para as contas do governo, sem furar o teto de gastos ou afetar a responsabilidade fiscal, pode aumentar os investimentos em infraestrutura e colocar dinheiro diretamente na mão de obra.
De qualquer forma, a situação ainda segue delicada e necessita de resolução antes da virada para 2022. O mercado segue buscando uma luz.