As compras internacionais ficarão mais caras a partir de abril.
ICMS e Compras Internacionais: O Que Muda para o Comprador Brasileiro?
A partir de abril de 2024, o cenário das compras em sites internacionais, como Shein, Temu e AliExpress, irá mudar drasticamente para os consumidores brasileiros. O motivo? Um aumento significativo na alíquota do ICMS, que passará de 17% para 20%. Essa decisão, anunciada pelo Comitê Nacional dos Secretários de Fazenda dos Estados e do Distrito Federal (Comsefaz), levanta questões importantes sobre o impacto nos custos e nas escolhas de compra dos brasileiros.
O Que é o ICMS e Como Ele Afeta os Consumidores?
O ICMS, ou Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços, é um tributo estadual que incide sobre a movimentação comercial de produtos e serviços. Com a nova alíquota, o aumento nos preços finais das compras internacionais será inegável, especialmente quando somado à taxa federal de 20% para compras que excedem o valor de US$ 50, popularmente conhecida como “Taxa das blusinhas”.
Simulação de Custos
Para ilustrar o impacto do aumento do ICMS, segue uma simulação considerando uma compra de R$ 275 (aproximadamente US$ 50, com uma cotação de R$ 5,50):
- Antes do Remessa Conforme: R$ 60,37 em impostos, totalizando R$ 335,37.
- Após o Remessa Conforme: R$ 122,59 em impostos, totalizando R$ 397,59.
- Pós-aumento do ICMS: R$ 137,50 em impostos, totalizando R$ 412,50.
Esses números revelam que a carga tributária pode chegar a 50% do valor total da compra, e alguns estados ainda podem optar por alíquotas ainda mais elevadas.
Reações do Mercado e das Plataformas de E-commerce
A notícia do aumento do ICMS provocou reações mistas. Enquanto as plataformas internacionais de e-commerce expressaram seu descontentamento, argumentando que essa medida onerará os consumidores e diminuirá suas opções de compra, o varejo nacional viu a mudança com satisfação.
Posição das Plataformas Internacionais
O AliExpress emitiu um comunicado, alertando que a nova taxa prejudicará os brasileiros, que já enfrentam uma das tarifas de importação mais altas do mundo. Além disso, a Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec), representando empresas como Shein e Amazon, também se manifestou contra essa medida, exigindo uma revisita nas políticas tributárias.
Visão do Varejo Nacional
Por outro lado, entidades como a ABVTEX, ABIT e IDV consideram o aumento uma vitória, ressaltando que, mesmo com a nova alíquota, os impostos sobre o e-commerce internacional ainda são mais baixos quando comparados ao setor produtivo nacional, que possui uma carga tributária que pode chegar a 90%.
Mudanças no Comportamento do Consumidor
As novas taxas já mudaram os hábitos de compra dos brasileiros. A fintech Klavi reporta uma queda de 40% nas vendas da Shein em agosto de 2023, mês em que a nova regra começou a vigorar.
Tendências Observadas
- Queda nas compras de varejistas internacionais.
- Leve recuperação nas vendas de varejistas brasileiros.
- Aumento da conscientização entre os consumidores sobre custos e prazos de entrega.
Esse novo panorama pode abrir espaço para um reposicionamento do mercado local, aumentando sua competitividade diante do e-commerce internacional.
Aumento na Arrecadação e Impacto Geral
Curiosamente, apesar da queda no número de encomendas internacionais, a arrecadação com impostos aumentou. A Receita Federal revela que o número de remessas importadas caiu 11% em 2024 em comparação com 2023, mas a arrecadação do imposto de importação subiu 40,7%, atingindo R$ 2,78 bilhões. Esses dados mostram uma eficiência fiscal surpreendente, indicando que o governo está conseguindo compensar as perdas em volume através do aumento das taxas.
Considerações Finais para os Consumidores
Com o novo cenário tributário, os consumidores brasileiros precisam reavaliar suas estratégias de compra. Aqui estão algumas dicas importantes:
- Compare preços entre plataformas nacionais e internacionais.
- Esteja ciente dos custos adicionais de importação.
- Considere a qualidade e a garantia dos produtos.
- Avalie os prazos de entrega.
Essas considerações podem levar a um nível mais elevado de consumo consciente e crítico por parte dos brasileiros, onde a sabedoria na hora da compra pode efetivamente traduzir-se em uma experiência melhor.
Um Surpreendente Futuro à Vista
Por fim, a questão que fica é: será que o aumento do ICMS realmente endurecerá a concorrência entre o varejo nacional e internacional, ou abrirá portas para uma maior inovação e qualidade nos produtos oferecidos por aqui? O futuro do comércio eletrônico no Brasil pode ser mais promissor do que parece à primeira vista, desafiando tanto as empresas locais quanto as internacionais a se adaptarem e se aprimorarem continuamente. Somente o tempo dirá.