DESIGUALDADE: Brasileiros mais ricos ganham 31 vezes mais que os mais pobres
De acordo com a 12ª edição do boletim Desigualdade nas Metrópoles, realizado no último trimestre do ano de 2022, revela que a desigualdade de renda cresceu nas áreas metropolitanas brasileiras.
O estudo analisa a situação de três grupos de renda: os 40% mais pobres, os 50% intermediários e os 10% mais ricos. Nas regiões metropolitanas do Brasil, os mais ricos terminaram 2022 recebendo 31 vezes mais do que os mais pobres.
A renda média dos 10% mais ricos é de aproximadamente R$ 7.933,66, enquanto os mais vulneráveis possuem uma renda mensal per capita de apenas R$ 253,95. Por outro lado, os brasileiros categorizados como intermediários, que representam 50% da população, têm uma renda de R$ 1.530,96.
Em média, o brasileiro recebe R$ 1.644, um aumento de 12,29% em relação ao último trimestre de 2021.
O boletim Desigualdade nas Metrópoles, desenvolvido pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), o INCT Observatório das Metrópoles e a Rede de Observatórios da Dívida Social na América Latina (RedODSAL), não inclui transferências de renda como o Auxílio Brasil e o Bolsa Família deste ano.
Desde o primeiro trimestre de 2022, a renda vem crescendo, após quedas significativas entre 2020 e 2021 durante o auge da pandemia. No entanto, esse aumento é mais evidente entre os mais ricos, enquanto os ganhos dos mais pobres permaneceram praticamente inalterados no período.
Comparando o último trimestre de 2021 com 2022, os ganhos dos mais ricos aumentaram mais do que os dos mais pobres. Os 10% mais ricos experimentaram um crescimento de renda de 14,75%, enquanto os 40% mais pobres tiveram um aumento de 11,88%.
É importante ressaltar que o poder de compra de todos os segmentos da população foi afetado pelo aumento da inflação, que encerrou 2022 com um Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulado de 5,79% – impactando principalmente a população mais pobre.
Desigualdade regional
A pesquisa também destaca as diferenças entre as macrorregiões brasileiras, com as regiões Norte e Nordeste apresentando os menores níveis de renda média domiciliar per capita do país, ficando abaixo da média nacional.
Em 12 das 22 metrópoles analisadas, observou-se o mesmo padrão de aumento das desigualdades.
Por exemplo, na Grande São Paulo, o índice de Gini passou de 0,600 para 0,614, enquanto na Grande São Luís aumentou de 0,558 para 0,615.
Além disso, em todas as 22 metrópoles, houve aumento na média de renda. Esse crescimento foi mais acentuado nas Regiões Metropolitanas da Grande São Luís (36,6%), João Pessoa (34,4%), Teresina (29,3%), Goiânia (22,6%) e Vale do Rio Cuiabá (19,0%).
Os níveis mais baixos de renda foram observados nas regiões metropolitanas de:
- Maceió (AL): R$ 963
- Recife (PE): R$ 979
- Fortaleza (CE): R$ 1.001
- Manaus (AM): R$ 1.023
- São Luís (MA): R$ 1.033
Já as regiões metropolitanas com os maiores níveis de rendimento médio foram:
- Distrito Federal: R$ 2.438
- Florianópolis (SC): R$ 2.168
- São Paulo (SP): R$ 2.052
- Curitiba (PR): R$ 1.813
- Porto Alegre (RS): R$ 1.788
Outras desigualdades
A desigualdade de renda no Brasil é um problema persistente e complexo que afeta o desenvolvimento socioeconômico do país. Além das disparidades entre as regiões e metrópoles, a desigualdade também se manifesta em outros aspectos, como gênero, raça e educação. Aqui estão alguns exemplos:
Gênero: Mulheres no Brasil tendem a ganhar menos que os homens, mesmo em ocupações similares e com níveis semelhantes de educação. Em média, as mulheres ganham cerca de 77% do salário dos homens, segundo dados do IBGE.
Raça: A desigualdade racial é outra dimensão importante no Brasil. Negros e pardos compõem a maior parte da população, mas têm, em média, salários menores e piores condições de vida em comparação com os brancos. Por exemplo, a renda média dos negros e pardos é cerca de 57% da renda dos brancos, de acordo com dados do IBGE.
Educação: A desigualdade de renda também está relacionada à disparidade educacional. Indivíduos com ensino superior completo têm, em média, rendimentos muito maiores do que aqueles com ensino fundamental ou médio. Essa lacuna educacional amplia a desigualdade e limita as oportunidades de mobilidade social.
Acesso a serviços básicos: A desigualdade no Brasil também se reflete na distribuição de serviços básicos, como saúde, educação e saneamento. Em áreas mais pobres e periféricas, o acesso a esses serviços é limitado, afetando a qualidade de vida e as perspectivas futuras dos residentes.
Concentração de terra e riqueza: A distribuição de terra e riqueza no Brasil é altamente concentrada, o que contribui para a desigualdade de renda. Cerca de 1% dos proprietários de terra detêm aproximadamente 45% das terras agrícolas do país, segundo dados do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA).
Esses exemplos ilustram algumas das múltiplas facetas da desigualdade de renda no Brasil e como ela afeta diferentes aspectos da vida das pessoas e da sociedade como um todo. Para enfrentar a desigualdade de renda, é necessário abordar as suas causas subjacentes e implementar políticas públicas eficazes que promovam maior equidade e oportunidades para todos.