Gastos eleitorais e redução de impostos não acabam com a inflação

O Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre) revelou nesta semana suas novas projeções para a economia brasileira no Boletim Macro. A saber, o instituto projeta um crescimento de 1,7% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2022, contra alta de 0,9% projetada anteriormente.

Esse avanço aconteceu graças ao aumento dos gastos eleitorais, que irão impulsionar a renda da população. Em resumo, isso deverá elevar o consumo no país, fortalecendo os setores do comércio e dos serviços, grandes motores econômicos do país. Aliás, a redução de diversos impostos também tem função essencial nesse cenário.

Embora as expectativas para 2022 estejam mais positivas, os economistas veem um caminho bastante difícil para o Brasil em 2023. De acordo com as novas projeções do FGV Ibre, a economia brasileira deverá encolher 0,3%, em vez de crescer 0,4%, como previsto anteriormente.

A redução do ICMS imporá trégua à inflação, mas está longe de resolver todos os problemas. A elevação dos preços está disseminada. Segundo o Monitor da Inflação Oficial, o índice de difusão, que mede o percentual dos preços de produtos e serviços em alta, mostra que 70% dos componentes do IPCA ainda estão subindo”, explicou André Braz, economista do FGV Ibre.

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Efeitos da redução dos impostos devem ser temporários

Ainda segundo Braz, a redução do ICMS deverá derrubar os preços da gasolina e da energia elétrica no país. Contudo, a inflação elevada no país é resultado de meses de alta, que atingiram diversos insumos. Por isso, o aumento dos gastos com a proximidade das eleições presidenciais, bem como a redução dos impostos, serão apenas paliativos para o país.

“Sabemos que a redução de impostos tem efeitos temporários. Deixa-se um legado de inflação adiante, porque parte dessa medida será revertida no ano que vem. No curto prazo, temos menos inflação e mais atividade e emprego, mas o custo disso é mais inflação no ano que vem, acima do 5%”, disse Silvia Matos, coordenadora do Boletim Macro.

“A herança para 2023 começa a ficar maldita. Acaba-se postergando inflação para o ano que vem, ao mesmo tempo em que a questão fiscal fica mais complicada e os juros se mantêm elevados por mais tempo”, acrescentou.

Seja qual for o governo que irá assumir a presidência do país, a situação em 2023 não deverá ser fácil para os brasileiros. Em suma, a inflação deverá seguir elevada, assim como os juros, corroendo a renda da população e limitando o crescimento do PIB do país.

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