Servidores do Banco Central deixam cargos de chefia
Depois de o Congresso aprovar, para o orçamento de 2022, um aumento de salário para policiais, uma onda de revolta dos servidores públicos tomou conta do Brasil. O primeiro caso foi na Receita Federal. Agora, servidores do Banco Central ameaçam paralisação e alguns já deixaram seus cargos de chefia. O reajuste salarial, segundo Bolsonaro, seria para todos os servidores. Contudo, os altos gastos do governo não permitiram isso.
Com isso, o governo decidiu aumentar o salário apenas de policiais, a base eleitoral mais forte do presidente. Atualmente, o Banco Central conta com mais de 500 cargos comissionados. O sindicato ainda marcou um protesto para o dia 18 de janeiro.
Entenda o caso
Durante a criação do texto do orçamento público para 2022, Bolsonaro e a equipe econômica buscavam formas de reajustar os salários de todos os servidores públicos. Na época, o presidente afirmou que daria o reajuste, “nem que seja de 1%”, palavras dele. Contudo, na hora de somar os impactos disso, economistas do governo viram que os valores não cabiam no bolso da União.
Com isso, a base apoiadora e o próprio presidente decidiram dar um reajuste apenas para os policiais. O valor destinado a isso foi de R$1,7 bilhão dentro das despesas do governo. Dessa forma, houve um aumento de uma dívida recorrente, ou seja, que valerá por prazo indeterminado. Essa medida, como resultado, impacta as finanças desse ano e também dos futuros governos, que agora terão menos espaço para atuar nas melhorias sociais. Em entrevistas, apoiadores do governo afirmaram que há uma defasagem entre o que a categoria recebe e o que deveria receber, de acordo com o reajuste da inflação.
Apesar de ser uma boa notícia para os policiais, servidores da Receita Federal não gostaram do reajuste apenas para uma categoria. Por isso, mais de 300 servidores deixaram seus cargos, em sinal de protesto. Com isso, o governo passou a enfrentar mais uma crise institucional. Ainda não finalizada a crise da Receita, agora servidores do Banco Central atuam na mesma direção, deixando seus cargos para reivindicar aumento salarial.
Os servidores do Banco Central entrarão na justiça
Buscando o mesmo reajuste dos policiais federais, servidores do Banco Central entregaram seus cargos, inclusive os de chefia, em sinal de protesto contra o governo. Segundo o Sindicato Nacional dos Servidores do Banco Central (SINAL), a entidade contam com mais de 500 cargos comissionados. Apesar de nem todos estarem protestando, o sindicato afirma que a adesão vem crescendo.
Para tentar negociar com o governo, os trabalhadores marcaram um protesto para o dia 18 de janeiro. “O único caminho real para resolvermos nossos problemas atuais é o das mobilizações”, afirma o SINAL em nota. Ainda segundo o Fonacate (Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado), caso as mobilizações da Receita e do Banco Central não tenham o efeito desejado, uma greve geral deve ocorrer em fevereiro. Contudo, essa manifestação não tem data marcada.
Além disso, os servidores do Banco Central devem entrar na justiça para obter o mesmo reajuste de policiais federais. Segundo o Fonacate, a maioria dos servidores tem 27,2% de defasagem no salário. Isso porque algumas categorias não têm reajuste desde 2017. O governo ainda não se posicionou sobre o assunto.