Salário não acompanha inflação dos alimentos em 2022
Não parece ser novidade para ninguém que a ida às compras tem sido cada vez mais dolorosa nos últimos anos. Contudo, para os economistas, isso foi revertido em dados, que mostram que a inflação dos alimentos superou o aumento salarial médio dos brasileiros. Isso porque o preço dos produtos aumentou 41%, enquanto o salário médio do trabalhador brasileiro subiu 19,7%. Os dados são de outubro de 2019 a outubro de 2022.
Por isso, a sensação de que tudo está mais caro é, na verdade, o reflexo de que um dos maiores custos dos brasileiros está ficando mais alto. A inflação dos alimentos afeta toda a população, em especial os mais pobres no país.
O aumento salarial não é suficiente
Nos últimos 3 anos de reajuste salarial, o aumento dos ganhos dos trabalhadores não ficou acima da inflação dos alimentos. Isso porque o salário mínimo no Brasil no governo de Jair Bolsonaro, com exceção de 2019, foi aumentado apenas pela inflação, não dando reajuste real. Segundo economistas, isso é perigoso para uma realidade como a atual.
Isso porque corre-se o risco de que alguns gastos subam mais que a média da inflação. É o caso da inflação dos alimentos: os produtos básicos subiram mais que os salários. Na prática, a maior parte vai para a alimentação, sobrando menos dinheiro para gastar em outras contas, como aluguel, conta de luz, além das despesas com lazer.
Além disso, esse ritmo de aumento afeta principalmente os mais pobres. Isso porque essa é a parcela da população que tem o orçamento mais apertado e, com isso, é a que mais sofre com o aumento dos preços. No caso da inflação dos alimentos, o aumento do preço afeta uma parte insubstituível do orçamento doméstico, o que gera impactos ainda maiores. Um dos reflexos do aumento dos preços é a alta inadimplência no Brasil e o alto endividamento dos brasileiros.
Inflação dos alimentos pesa no bolso do consumidor. Foto: Reprodução
Inflação dos alimentos na cesta básica
Um dos termômetros para medir a realidade da inflação dos alimentos no Brasil é cruzar os dados do salário mínimo com o preço da cesta básica. Isso porque essa é uma excelente aproximação da parcela de salário que os mais pobres destinam à alimentação.
Em outubro de 2019, cerca de 43,8% do salário mínimo ia para o consumo da cesta básica. Em outubro deste ano, o percentual subiu para 58,78%. É preciso lembrar que, em alguns casos, a alimentação é apenas uma das contas grandes do mês, já que muitas famílias precisam pagar aluguel e outras contas. Em outubro de 2019, o trabalhador precisava trabalhar 88 horas e 39 minutos para comprar uma cesta básica. Neste ano, o tempo subiu para 119 horas e 37 minutos.
Se levarmos em conta o valor do salário médio dos brasileiros, a inflação dos alimentos ainda é preocupante. Em outubro de 2019, 20,6% do salário ia para a cesta básica, segundo o IBGE. Em 2022, o percentual subiu para 27,7%. Contudo, houve uma melhora em relação a 2021, quando o percentual foi de 28,3%.
Para 2023, economistas acreditam que a inflação dos alimentos deva ser menor. Isso porque o mundo vem desacelerando a economia, o que ajuda a diminuir o preço dos alimentos em todo o planeta.
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