SALÁRIO MÍNIMO ideal surpreende brasileiros em 2023
Todos os trabalhadores do país gostariam de ter uma remuneração capaz de suprir todas as necessidades básicas da sua família. Isso não envolve apenas a alimentação, mas inclui saúde, educação, lazer, entre outras coisas que também são muito importantes. No entanto, o salário mínimo do Brasil continua bem menor do que deveria.
De acordo com o levantamento mais recente divulgado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o salário mínimo deveria ter sido de R$ 6.647,58 em janeiro de 2023.
Em síntese, o valor é 5,10 vezes maior que o salário mínimo vigente no país no primeiro mês deste ano (R$ 1.302). Aliás, nem mesmo o valor prometido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de R$ 1.320, chega perto do piso nacional ideal para os trabalhadores do país.
Vale destacar que o presidente Lula ainda não aprovou o reajuste do salário mínimo para R$ 1.320 neste ano. Na verdade, o valor atual em vigência é proveniente de uma Medida Provisória (MP) editada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, no final do ano passado, que reajustou o salário mínimo para R$ 1.302.
Até agora, o presidente Lula não sancionou o novo valor por causa da sua equipe econômica. Em suma, as dificuldades orçamentárias têm pressionando as contas públicas do governo. Por isso, a equipe econômica acredita que o governo deve manter o valor até o final do ano.
Por outro lado, a ala política teme o desgaste da imagem do presidente Lula e acredita que o governo deverá elevar o salário mínimo para R$ 1.320 o quanto antes.
Salário mínimo ideal x cesta básica
O Dieese fez uma estimativa do salário mínimo ideal levando em consideração o valor da cesta básica mais cara do país em janeiro. De acordo com a entidade, o salário mínimo ideal do Brasil é aquele capaz de suprir as necessidades da população, e as estimativas consideraram a cesta básica de São Paulo, que foi a mais cara no mês passado.
Em resumo, o valor da cesta básica se refere ao conjunto de alimentos básicos, que são aqueles necessários para as refeições de uma pessoa adulta durante um mês. O cálculo do Dieese considera uma família composta por dois adultos e duas crianças.
Aliás, desde 1938 há uma lista que define os alimentos essenciais para a sobrevivência de uma família. Essa lista é composta por 13 itens básicos e possui regulamentação devido a um decreto. Confira abaixo quais são os itens:
Carne;
Leite;
Feijão;
Arroz;
Farinha;
Batata;
Legumes;
Pão;
Café;
Frutas;
Açúcar;
Óleo;
Manteiga.
Trabalhador compromete mais da metade do salário
O levantamento do Dieese considerou a cesta básica mais cara do país em dezembro para estimar qual deveria ser o salário mínimo do país. No mês passado, São Paulo teve a cesta mais cara, custando R$ 790,57. A propósito, a cesta básica ficou mais cara em 11 das 17 capitais pesquisados em janeiro.
A pesquisa comparou o custo da cesta com o salário mínimo líquido. Nesse caso, o Dieese levou em consideração os descontos referentes à Previdência Social, de 7,5%.
Assim, o valor da cesta básica correspondeu a 60,7% do salário mínimo vigente no país (R$ 1.302), ou seja, o trabalhador do país que recebia o piso nacional em janeiro, e morava em São Paulo, gastou mais da metade da sua renda para adquirir uma cesta básica.
Além disso, a pesquisa também mostrou o tempo médio necessário para que um trabalhador de São Paulo adquirisse produtos da cesta básica. A saber, os profissionais da região precisaram trabalhar 133 horas e 35 minutos em janeiro para comprar uma cesta básica.
A média nacional também ficou bastante elevada no mês passado. Contudo, o tempo a ser trabalhado no Brasil, em geral, não foi tão elevado quanto o de São Paulo, e chegou a 116 horas e 22 minutos. Inclusive, esse valor um pouco menor só foi possível porque os demais locais pesquisados tiveram cestas básicas mais baratas que a de São Paulo.
Por falar nisso, o Dieese revelou que a cesta básica mais barata do país foi a de Aracaju (R$ 555,28). Se essa tivesse sido a cesta básica mais cara do país em janeiro, o salário mínimo deveria ter sido R$ 4.669,12, valor bem inferior ao da cesta básica de São Paulo, mas ainda bem superior ao piso nacional vigente.
Por fim, em Aracaju, o trabalhador precisou trabalhar 93 horas e 50 minutos em janeiro para adquirir uma cesta básica. Isso quer dizer que a pessoa precisou trabalhar quase 40 horas a mais para comprar essa mesma cesta básica em São Paulo.