Poupança tem registro ALARMANTE em fevereiro
A caderneta de poupança teve uma retirada líquida de R$ 11,51 bilhões em fevereiro de 2023. Isso quer dizer que a quantidade de saques superou de maneira significativa as captações da caderneta no segundo mês deste ano.
Em fevereiro, os depósitos somaram R$ 279,92 bilhões, enquanto os saques totalizaram R$ 291,44 bilhões. Ao subtrair estes valores, o saldo da poupança ficou negativo, como vem acontecendo nos últimos meses.
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Em resumo, a retirada líquida observada foi a maior para meses de fevereiro desde o início da série histórica, em janeiro de 1995. A propósito, os valores são nominais, ou seja, não há atualização pela inflação, mas apenas a divulgação dos números referentes aos depósitos e saques.
Vale destacar que, no acumulado dos dois primeiros meses deste ano, as retiradas da poupança superaram os depósitos em R$ 45,14 bilhões. Esse valor representa um novo recorde para o período e reflete a busca cada vez maior dos brasileiros por recursos da poupança.
De acordo com o Banco Central (BC), responsável pela divulgação dos dados, a caderneta de poupança encerrou 2022 com uma retirada líquida recorde de R$ 103,237 bilhões. Em outras palavras, os brasileiros nunca retiraram tanto dinheiro da poupança em 28 anos quanto o fizeram no ano passado.
Entenda a saída líquida da poupança no início do ano
O BC explicou que os saques líquidos da poupança nos primeiros meses do ano ocorrem devido ao aumento de despesas tradicionais, como Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA).
Além disso, as famílias brasileiras também costumam gastar com matrícula e material escolar nos primeiros meses do ano. Fevereiro ainda pode ficar marcado por pagamento de compras parceladas do final do ano passado ou de viagens de férias.
Tudo isso ajuda a impulsionar os saques da caderneta, visto que as pessoas buscam recursos para honrar os compromissos que possuem. Com isso, há uma redução expressiva dos depósitos na caderneta, o que explica a saída líquida recorde no início deste ano.
Com o acréscimo do resultado de fevereiro, o volume total aplicado na poupança caiu de R$ 972,6 bilhões para R$ 968 bilhões. Em síntese, a baixa rentabilidade da caderneta também ajuda a explicar a retirada líquida observada em fevereiro deste ano.
Cenário atual do Brasil
Os resultados de fevereiro refletem o cenário atual do Brasil. Segundo o BC, o endividamento das famílias com bancos chegou a 49,6% em janeiro, no acumulado dos últimos 12 meses
A título de comparação, a taxa ficou 7,9 pontos percentuais superior ao nível registrado em fevereiro de 2020, último mês antes da pandemia da covid-19.
Além disso, a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), revelou que 78% da população estava endividada no país em janeiro.
Por sua vez, a taxa de inadimplência atingiu 29,9% das famílias do país no mês passado. Em suma, há alguns fatores que propiciam o aumento da inadimplência entre os consumidores, como manter mais de um cartão de crédito e não se atentar à própria saúde financeira e às datas de pagamento das contas.
Diante desse cenário, muita gente acaba sacando o dinheiro que tem guardado na poupança para pagar contas e se livrar das dívidas, ou pelo menos reduzi-las.
Ao mesmo tempo, a elevada taxa de juros no país também ajuda a aumentar os saques da poupança. Embora a caderneta esteja rendendo mais devido à taxa Selic elevada, outros investimentos oferecem retornos bem mais interessantes. E isso vem atraindo muitas pessoas, que retiram o dinheiro da poupança e o aplicam em outros fundos.
Rentabilidade da poupança
A poupança não é mais sinônimo de rentabilidade há muito tempo. Em resumo, a aplicação financeira mais tradicional do país vem registrando resultados pouco positivos nos últimos anos.
Por isso, os brasileiros que pensam em investir dinheiro na aplicação financeira com o objetivo de ver o valor “render alguma coisa” devem repensar suas ações.
Como os juros altos no país tendem a aumentar o rendimento dos ativos da renda fixa, a poupança acaba beneficiada. Contudo, existem vários outros ativos que estão rendendo bem mais que a caderneta.
De acordo com um levantamento de Einar Rivero, da consultoria TradeMap, o retorno financeiro líquido de várias investimentos superou o da poupança em 2022:
IHFA: 7,45%;
IDIV: 6,49%;
CDI: 6,24%;
Ima Geral: 3,66%;
Poupança: 2,00%.
Por fim, vale destacar que o IHFA, que apresentou a maior rentabilidade em 2022, é um índice do mercado financeiro que calcula a média do desempenho dos fundos de investimento multimercado.