Por que o valor do ‘Auxílio Brasil’ mexe com o mercado financeiro no Brasil?
Esta semana o Governo Federal, juntamente com o Ministério da Economia, anunciou que o “Auxilio Brasil”, que irá substituir o “Bolsa Família”, vai pagar as pessoas o valor de R$ 400,00. Entretanto, essa mudança de valor fez com que o mercado financeiro ficasse agitado, aumentando o valor do dólar e desvalorizando alguns produtos.
O Brasil é considerado um país com elevado grau de endividamento para uma economia emergente. No passado, por exemplo, a piora da situação fiscal fez com que o Brasil perdesse o grau de investimento pelas principais agências de classificação de risco.
A explosão da dívida pública e o risco de um descontrole da situação fiscal é apontado por analistas e investidores como um dos principais fatores de incerteza doméstica, podendo inclusive inviabilizar uma retomada sustentada da economia brasileira.
Essa incerteza faz com que o mercado internacional se sinta inseguro com relação a aplicação de dinheiro dentro do Brasil, e isso gera uma alta do dólar descontrolada.
Brasil já vem gastando mais desde 2014
O problema não é novo. Desde 2014, o Brasil tem gastado mais do que arrecada com impostos, o que gera o chamado déficit primário e amplia o endividamento. Mas com a pandemia as despesas do governo dispararam e a situação se agravou, reacendendo a discussão sobre a urgência de medidas de ajuste fiscal.
Além da forte desvalorização do real frente ao dólar em 2020, a percepção de maior risco fiscal fica mais evidente na recente subida nas taxas de juros de títulos públicos de prazo mais longo, ou seja: diante de um maior risco de não receber o dinheiro de volta, o mercado está cobrando mais caro para financiar a dívida do governo.
Nos juros futuros, o nível de tensão era bastante visível nos preços nesta quinta-feira. A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 subia de 7,66% no ajuste anterior para 7,91% e a do DI para janeiro de 2023 saltava de 9,91% para 10,42%.