Não precisamos fazer muitos cálculos para vermos que a inflação se tornou uma das principais vilãs da vida dos brasileiros. Uma ida ao mercado mostra que os preços estão cada vez mais altos. A ida no posto de gasolina também se tornou um pesadelo. Por outro lado, os investidores conservadores comemoram a taxa Selic mais alta, que aumenta os rendimentos da renda fixa.
Apesar desse cenário, a alta da inflação e da taxa de juros mostra um caminho nem tão bom para o país, pois exige criatividade da classe econômica, que andará em uma linha tênue a partir de agora.
O que é inflação?
A inflação é o aumento generalizado do preço dos bens e produtos. Em suma, é o aumento do arroz, do feijão, da gasolina, da farinha e, por consequência, de tudo aquilo que consumimos. Para fins explicativos, tomaremos um ponto de partida: o aumento da gasolina.
A gasolina sofreu forte aumento nos últimos dias devido a condições específicas: a pressão da alta do dólar e a regulação na oferta por parte da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP).
Como a economia funciona em cadeia, o aumento da gasolina aumenta o custo do frete por partes das companhias. Isso afeta diretamente o preço dos produtos transportados, dentre eles aqueles que compramos no supermercado. Como os donos de empresa também utilizam os supermercados, eles acabam subindo o preço de seus produtos, para que ele possa manter o próprio poder de compra. E assim se forma o efeito cascata na economia.
O que é a taxa Selic?
A taxa Selic é a taxa de juros oficial do Brasil. Definida a cada 45 dias pelo Comitê de Política Monetária (COPOM), ela reflete a taxa básica de juros da economia. Por isso, a Selic afeta diretamente os setores produtivos da economia, na medida em que estimula ou desestimula investimentos públicos e privados.
A Selic é utilizada para determinar o giro do dinheiro na economia nacional. Quanto menor a taxa de juros, maior a tendência de o dinheiro circular, maior o número de empreendedores, o que puxa o número de empregos para cima.
Do contrário, uma taxa Selic alta permite que os investidores emprestem dinheiro ao Governo Federal em troca de retornos mais elevados. Isso diminui o investimento nos empreendimentos, diminuindo a circulação de moeda no país.
A taxa Selic é muito utilizada para definir taxas de empréstimos bancários, remuneração de títulos de renda fixa e também como um contrapeso à inflação, conforme será explicado a seguir.
Balanços e contrapesos
Quanto maior a inflação, maior a tendência de que os preços sigam aumentando. Por isso, frear a inflação exige que o consumo seja desestimulado e, por isso, um aumento na taxa Selic é fundamental. O contrário também é verdadeiro: uma diminuição da Selic tende a aumentar a inflação do país.
Por isso, no momento atual, o Governo Federal, através dos aumentos da taxa Selic, busca desestimular a economia do consumo, com base na prerrogativa de diminuir a pressão inflacionária. O sucessivo aumento da taxa de juros deve começar a ser sentido entre os meses de dezembro e janeiro e, após isso, a inflação – e os juros – devem diminuir.
