Juros bancários CRESCEM em janeiro e assustam brasileiros
Os juros bancários médios do país alcançaram o maior patamar dos últimos cinco anos e meio. De acordo com o Banco Central (BC), a taxa média de juros com recursos livres de pessoas físicas e empresas chegou a 43,5% ao ano em janeiro de 2023.
Essa é a taxa é a mais elevada desde agosto de 2017, a taxa média dos juros bancários alcançou 45,6% ao ano. Aliás, os juros subiram 1,8 ponto percentual (p.p.) em relação a dezembro de 2022, quando a taxa estava em 43,8% ao ano.
Já na comparação com janeiro de 2022, os juros saltaram 10,3 p.p. no ano passado, visto que a taxa do primeiro mês do ano passado estava em 35,3% ao ano.
Vale destacar que a trajetória dos juros bancários vem se mantendo em alta nos últimos anos. Em suma, a variação acumulada em 2021 foi de 8,4 p.p., enquanto o avanço registrado em 2022 ficou em 8,2 p.p. A título de comparação, estes foram os maiores avanços anuais desde 2015, quando o juro bancário disparou 9,9 p.p. no país.
Todos estes dados refletem as dificuldades que as famílias brasileiras vêm enfrentando nos últimos tempos. E o nível dos juros, que se manteve abaixo de 30% ao ano durante todo o primeiro semestre de 2021, passou a acelerar nos últimos meses daquele ano, pressionado pelo aumento da taxa Selic no país.
A propósito, o Banco Central (BC) divulgou os dados nesta segunda-feira (27). Em suma, o indicador da entidade financeira não inclui os créditos habitacional, rural e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Juros sobem para empresas e pessoas físicas
Segundo o BC, a taxa média de juros cobrada nas operações com empresas alcançou 25,3% ao ano em janeiro de 2023. Isso representa um aumento de 2,1 p.p. na comparação com dezembro de 2022, quando a taxa encerrou o ano em 23,1% ao ano.
Por sua vez, os juros médios cobrados nas operações com pessoa física avançaram 1,2 p.p. no mês passado, avanço quase duas vezes menor que a variação registrada nas operações com empresas.
Embora a alta tenha sido mais leve, a taxa de juros neste segmento é muito mais elevada. Em resumo, o avanço registrado em janeiro fez a taxa média dos juros bancários alcançar 56,6% ao ano, valor mais que duas vezes superior à taxa de operações com empresas.
Seja com for, os juros bancários vêm crescendo no país devido ao aumento da taxa Selic. Isso porque o BC elevou em 12 vezes consecutivas a taxa Selic, entre março de 2021 e agosto de 2022. Essa foi a maior sequência de elevações da taxa Selic em 23 anos.
Para quem não sabe, a Selic é o principal instrumento do BC para segurar a inflação no país. A alta da Selic eleva os juros praticados no país, reduzindo o poder de compra do consumidor e desaquecendo a economia. Assim, a inflação tende a cair também, pois a demanda fica enfraquecida.
Isso acontece porque os juros de diversos setores, como o bancário e o imobiliário, também sobem. Com isso, o consumidor se vê obrigado a modificar seus hábitos, reduzindo o consumo, e, consequentemente, desacelerando a atividade econômica do país.
Como os juros de diversos setores ficam mais elevados, muita gente prefere esperar um período mais adequado para gastar. Ao mesmo tempo, como a inflação também se mantém em patamar firme, a renda fica ainda mais corroída, e muitos brasileiros passam a se endividar mais, caso decidam manter o mesmo padrão de vida.
Cuidado com o cartão de crédito
O BC também revelou as variações registradas pelo cheque especial e pelo cartão de crédito. No caso do cheque especial, a taxa média de juro recuou 0,1 p.p., de 132,1% ao ano em dezembro de 2022 para 132% ao ano em janeiro de 2023. Apesar de não subir, a taxa segue muito mais elevada que o recomendável.
No entanto, o grande destaque ficou com a variação do cartão de crédito rotativo, cuja taxa média de juros cobrada pelos bancos subiu 3,8 pontos percentuais. A saber, as pessoas que recorreram a essa modalidade enfrentaram juros de 411,5% ao ano em janeiro, ante uma taxa de 407,7% ao ano no final de 2022.
Em síntese, esse foi o maior patamar alcançado pelo segmento desde agosto de 2017 (428% ao ano), ou seja, em cinco anos e meio. Como a linha de crédito é muito cara, os analistas recomendam que o consumidor a evite, seja qual for a situação em que estiver.
A propósito, o rotativo é a linha de crédito pré-aprovada no cartão, o que facilita o seu uso pelas pessoas. Além disso, o rotativo inclui saques feitos na função crédito do meio de pagamento. Contudo, esses benefícios não compensam os juros, que são extremamente altos.