INSS cogita uso de robôs para análise de solicitações de benefícios
O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) trabalha neste momento na construção de mais uma medida para tentar diminuir a fila de espera para benefícios da autarquia. Membros do Instituto garantem que eles começarão a usar robôs para analisar ao menos uma parte das documentações enviadas pelos cidadãos.
Segundo as informações do INSS, os robôs não dariam uma resposta definitiva para os trabalhadores. Eles apenas serviriam para uma análise inicial dos documentos do processo. A ideia é que eles sejam utilizados apenas na questão da verificação da documentação dos pedidos de recursos de negativa do Instituto.
Entram nesta lista as análises de recursos para pedidos de aposentadorias, pensões e também auxílios do INSS. O plano geral do Instituto é iniciar o uso dos robôs apenas depois do fim do contrato temporário que a autarquia tem com funcionários do Gabinete de Crise de Diligências, que é ligado ao Conselho de Recursos da Previdência Social (CRPS).
Mas calma. O futuro dos benefícios do INSS não está nas mãos de robôs. As máquinas não terão o poder de decidir quem recebe e quem não recebe o dinheiro das aposentadorias, por exemplo. O Instituto explica que o sistema apenas terá o papel de integrar as lógicas do gerenciador de tarefas com a de eletrônico de recursos.
Para ficar mais claro, os robôs poderão anexar automaticamente os documentos como cópia do processo administrativo com um laudo de uma perícia médica, por exemplo. Segundo o INSS, todo o procedimento acontece de forma manual hoje, o que pode acabar gerando mais atrasos no encaminhamento.
Sistema automático
“O que foi feito com essa portaria foi a robotização desse procedimento, para instrumentalizar o processo em fase de recurso para que ele seja encaminhado de forma completa”, disse Adriane Bramante, presidente do Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário (IBDP).
“Tudo que estiver na plataforma do Meu INSS relativo àquele processo será encaminhado para que o conselheiro possa fazer o julgamento adequado, com todos os documentos”, completou ela em entrevista para o jornal Folha de São Paulo.
Ainda de acordo com o INSS, o uso de robôs também poderia tornar mais eficiente o sistema de identificação dos chamados processos duplicados, o que poderia diminuir a quantidade de documentação em análise.
Críticas ao INSS
Embora exista a promessa de melhora na situação para quem espera pelo atendimento, o fato é que alguns setores da sociedade criticaram a decisão do INSS de usar robôs para supostamente diminuir o tempo de espera para os cidadãos.
Nesta semana, o Sindicato dos Trabalhadores do Seguro Social e Previdência Social no Estado de São Paulo (Sinssp) disse que a medida tende a não resolver os reais problemas da fila de espera neste momento.
“A lógica da concessão automática era reconhecer o direito do segurado. Hoje, não. Hoje, a meta é acabar com o estoque. Faz-se uma varredura no sistema, verifica se tem o direito e, se não tiver, indefere. É o indeferimento automático”, disse Vilma Ramos, que é diretora do sindicato.
Hoje, estima-se que mais de 2 milhões de pessoas estejam na chamada fila de espera para o recebimento de algum benefício do INSS. A situação piorou nas últimas semanas em função da greve de parte dos servidores e dos peritos médicos da autarquia.