Inflação e juros elevados fazem saques na poupança baterem recorde

Os brasileiros estão enfrentando uma inflação anual superior a 10% há meses. A saber, a taxa é bem maior que a meta do Banco Central (BC) para 2022, de 3,5%. Por isso, a entidade financeira vem elevando os juros no país há mais de um ano para frear os avanços da taxa inflacionária.

Neste cenário, quem mais sofre é a população. Isso ocorre, porque a inflação, por si só, dificulta o consumo, uma vez que corresponde ao aumento generalizado e contínuo dos preços de bens e serviços. Ao mesmo tempo, os juros mais altos encarecem o crédito e reduzem o poder de compra do consumidor, que já sofre com os preços altos, representados pela taxa inflacionária.

Muitos não entendem os motivos de o BC elevar os juros, mas isso acontece justamente para desaquecer a economia. Em resumo, a redução na demanda tende a desacelerar o ritmo de alta dos preços, ou seja, a inflação começa a recuar. Contudo, no Brasil, o cenário é muito difícil, pois a inflação e os juros estão muito elevados, e podem subir ainda mais neste ano.

Tudo isso contribuiu para um resultado recorde em março em relação à caderneta de poupança. No mês passado, a aplicação financeira mais famosa do Brasil registrou uma retirada líquida de R$ 15,4 bilhões, ou seja, a quantidade de saques foi muito superior às captações da caderneta.

Vale ressaltar que este é o recorde histórico de saques na poupança para meses de março. Antes deste resultado, a maior retirada líquida em março havia sido registrada em 2015, quando os saques totalizaram R$ 11,4 bilhões. A propósito, a série do BC teve início em janeiro de 1995.

Entenda a movimentação da poupança no início do ano

A poupança encerrou o primeiro trimestre deste ano com uma retirada líquida de R$ 40,37 bilhões. Em suma, os saques superaram os depósitos tanto em janeiro (R$ 19,66 bilhões), quanto em fevereiro (R$ 5,35 bilhões). Aliás, o resultado de janeiro corresponde a maior retirada líquida mensal da série histórica do BC.

A saber, o saldo negativo da poupança nos três primeiros meses de 2022 já supera a retirada líquida mensal acumulada em todo o ano passado (R$ 35,4 bilhões). Inclusive, o desempenho da aplicação financeira em 2021 foi o terceiro pior da história.

De acordo com o BC, os saques líquidos da poupança nos primeiros meses do ano ocorrem devido ao aumento de despesas tradicionais, como Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA).

Além disso, as famílias brasileiras também costumam gastar com matrícula e material escolar nos primeiros meses do ano. O período ainda pode ficar marcado por pagamento de compras parceladas ou de viagens de férias, o que ajuda a elevar os saques da poupança.

Seja como for, a situação atual do Brasil contribui para a redução da renda das famílias. Muitas delas vêm recorrendo aos valores aplicados na poupança, e o resultado se mostra cada vez mais negativo. Resta torcer para tudo isso melhore.

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